Godzilla

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A REFILMAGEM DE GODZILLA TEM UM LUGAR ESPECIAL NO MEU CORAÇÃO. Lembro que a pré-estreia aconteceu no dia 16 de julho de 1998 (dia do meu aniversário), e foi a única vez em que meu pai foi ao cinema comigo. Tinha muita gente comigo, pois ganhamos uma porrada de ingressos para a sessão. O Joubert também deu as caras, se me lembro bem. Então, por esses motivos emocionais, acabo me sentindo obrigado a ter o longa-metragem de Roland Emmerich entre as “principais” (não melhores, veja bem) recordações cinematográficas de minha vida. Recentemente revi o filme sob livre e espontânea pressão da namorada, que usou de ameaças para me obrigar a ser torturado e quase estragar a memória afetiva.

Um monstro gigante invade Manhattan e começa a deixar um rastro de destruição de dar inveja no King Kong. O exército começa a investigar as origens do monstro e qual o seu objetivo, e acaba descobrindo que a criatura pretende fixar residência na ilha, inclusive criando a sua família de adoravéis Godzillinhas na cidade que nunca dorme. A esperança da população está numa improvável “equipe” formada por um profissional francês (Jean Reno), um cinegrafista, uma aspirante a jornalista, e um biólogo especializado em minhocas mutantes (Matthew Broderick).

Com quase duas horas e meia de duração, Godzilla é tão ruim, mas tão ruim que corre o risco de ser pior que Anaconda. Não sei você, mas eu pelo menos dei boas gargalhadas com os feitos da cobra gigante ou do Jon Voight piscando os olhos depois de ser literalmente vomitado pelo parente do bichinho de estimação do Voldemort. Sério. O humor do roteiro de Godzilla (escrito por Dean Devlin e pelo próprio Emmerich) é tão raso e sem graça que só funciona por uma reação em cadeia histérica dentro do cinema. Colocam um sobrenome complicado no personagem de Matthew Broderick (Curtindo a Vida Adoidado) apenas para gerar momentos previsíveis, irritantes e bobos. Alguém realmente ri disso hoje em dia? Isso sem falar em outras situações embaraçosas que transformam Godzilla em uma aventura com humor pastelão. Para a molecada da época foi incrível, mas hoje em dia é ridículo.

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Antes de algum defensor aparecer com unhas e dentes e bafo para defender o monstro japonês confesso que a trilha sonora de Godzilla é uma de minhas favoritas. Curiosamente, ela divide meu amor com as músicas de Armageddon, de Michael Bay (outra bomba lançada no mesmo período), e que também tinha as canções como principal mérito. Das mais conhecidas, vale lembrar de “Heroes”, na versão do Wallflowers; e “Deeper Underground”, do Jamiroquai. Pelo menos as músicas, e os seus respectivos clipes, tentaram limpar a barra do monstro.

Outro “acerto” do filme é evitar explicar demais ou perder muito tempo com cenas introdutórias da origem do monstro. Os créditos iniciais deixam tudo claro, de maneira quase didática para que o espectador mais lerdo consiga entender que o Godzilla foi uma consequência dos efeitos nucleares nas iguanas, e funcionam bem para “apresentar” o monstro para quem ainda não o conhecia.

Uma curiosidade: durante a cena de perseguição/fuga do Madison Square Garden, os personagens correm em uma direção e deixam o coitado do Ferris Bueller para trás, mas segundos depois aparecem gritando que não podiam ir naquela direção e que ele deveria correr. A cena evoca o clássico Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança, quando Han Solo e Chewbacca têm que fugir dos Stormtroopers dentro da Estrela da Morte. Valeu um sorriso, né?

Ao optar por ignorar completamente os ensinamentos de Steven Spielberg em Tubarão, o cineasta Roland Emmerich fracassou miseravelmente e deixou evidente as limitações técnicas dos efeitos especiais da época. Faltou inteligência, e mais ainda humildade de saber a hora de recolher o ego imenso de um cara acostumado a destruir o mundo em praticamente todos os seus filmes. Nem o Michael Bay tem tanto ódio no coração assim. Meu conselho é: enquanto espera pela nova versão de Godzilla, assista Cloverfield e seja feliz com uma verdadeira destruição em grande estilo. Além de ser extremamente divertido, ainda possui uma trilha sonora excelente.

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ps: Deus do céu. O que dizer sobre o texto do pôster?
Nota:[duas]