LONGAS BASEADOS EM CURTA-METRAGENS DE TERROR NÃO SÃO NOVIDADE. Em 2013 tivemos Mama, com Jessica Chastain, e mais recentemente Quando as Luzes se Apagam (Lights Out, 2016). Apesar de compartilharem a sua “origem”, as duas obras oferecem propostas bem distintas. Enquanto Mama dividiu opiniões, Quando as Luzes se Apagam se garante como um entretenimento superior que combina uma história simples sobre um medo comum e ótimos sustos.
Dirigido por David F. Sandberg (que está filmando Annabelle 2 – WTF?), que também assina a obra original, o filme fala sobre o medo do escuro encarnado numa entidade demoníaca chamada Diana. Conhecemos Rebecca (Teresa Palmer) e Martin (Gabriel Bateman), dois irmãos com uma mãe maníaca-depressiva que se comunica com uma entidade maligna que só se manifesta na escuridão.
A premissa é bem simples e isso não é um defeito. Sandberg é inteligente ao criar o cenário perfeito para aterrorizar seus personagens – e os espectadores. Ao meu lado na sala de cinema, por exemplo, um casal se apertava e gritava a cada momento de tensão. Se eles queriam aparecer ou não, tanto faz. Fato é que pareciam completamente envolvidos na trama. Há pelo menos uma cena que garante susto, dentre outros bons momentos, como aquele em que Rebecca sente a presença de Diana em sua casa. O barulho da entidade arranhando o chão é muito desconfortável.
Pedir muito do elenco em filmes de terror costuma ser uma garantia de frustração para o público mais exigente. Em tempos que Jacob Tremblay se destaca como um dos grandes jovens talentos de uma nova geração (inclusive com um belo filme de terror no currículo, O Sono da Morte), ficar por 80 minutos encarando a apatia de Gabriel Bateman é um exercício de paciência. O jovem não convence em momento algum e parece perdido em cena. A culpa disso pode ser distribuída pelo restante do elenco, já que conduzir os atores não é exatamente algo que Sandberg parece dominar. Especialmente na falta de nomes mais talentosos.
Quando as Luzes se Apagam é um prato cheio para quem acha que “filme de terror bom é aquele que dá sustos”. Sem obrigar o público a pensar demais e com uma certa influência de O Chamado, o longa-metragem funciona bem o suficiente para se tornar um dos grandes destaques do gênero na temporada. A simplicidade do projeto e a vontade do diretor em ser objetivo são essenciais para evitar um fiasco. Ao ter consciência que o melhor da sua história está no medo do escuro e não em investigações para entendermos (bem, na verdade, não dá para entender é porra nenhuma, mas isso não faz a menor diferença para o filme), Sandberg concentra os esforços em entreter o seu público. E acerta em cheio.