Filme: O Sétimo Filho

SEVENTH SON

Interessante, mas fraco. Mesmo com um elenco talentoso, alguns blockbusters simplesmente não atingem seu potencial e falham em conquistar o espectador e isso ocorre em Seventh Son (O Sétimo Filho, EUA, 2015). A história é fascinante, só que o roteiro defasado prejudica um maior envolvimento com a adaptação da obra The Spook’s Apprentice, de Joseph Delaney.

Pegando o conceito folclórico “sétimo filho do sétimo filho”, o filme de Sergei Bodrov acompanha o experiente mestre Gregory (Jeff Bridges), o qual, já velho, procura um novo aprendiz de caça-feitiços que o substitua depois que se aposentar. Porém, com o retorno da maléfica e poderosa Mãe Malkin (Julianne Moore), desta vez ainda mais forte do que era antes de ser capturada, o homem vai precisar de ajuda rapidamente, antes que ela domine o mundo. Com a ajuda de Tom Ward (Ben Barnes), o “sétimo filho”, eles podem salvar o planeta da escuridão total.

A premissa é bem legal: uma bruxa impiedosa que quer tudo e um caçador que precisa destruí-la de vez. Adicione a isso, é claro, uma jovem bruxa, Alice (Alicia Vikander) que se apaixona pelo aprendiz e vice-versa, algo que pode comprometer a missão. No papel, uma história cativante e que promete muita ação e romance.

No quesito roteiro, o longa peca, primeiramente, por não criar um herói carismático. Se Gregory é bastante engraçado e arranca risadas diversas vezes (da primeira à última cena), Tom é meio chato. Belo e sagaz, deixo claro, mas não constrói uma relação forte com quem assiste e, hoje em dia, um filme de ação funciona quando o protagonista conquista o coração do espectador. Não sei se Barnes falhou ao não ter dado uma interpretação mais solta ou se o roteiro de Steven Knight e Charles Leavitt não foi bem escrito para seu personagem. Vikander, que dá vida à Alice, está ótima, mas sua química com o ator deixa bastante a desejar e não nos convence.

Outro problema é a falta de suspense. Na verdade, não temos nenhum suspense e as revelações que vão sendo feitas não causam nenhuma reação do tipo “Nossa, não acredito!”. Ok que filmes da Marvel e DC Comics geralmente têm seus heróis e vilões pré-estabelecidos, mas, aqui, o enredo não compensa essa previsibilidade. O desfecho, por exemplo, já sabemos qual é desde o início, só que a batalha final é totalmente decepcionante. Até lembrei-me de Eu, Frankenstein, lançado há cerca de um ano (coincidentemente um fracasso).

Os coadjuvantes, por outro lado, são interessantes. A criatura Tusk (John DeSantis) é hilária, Mam Ward (Olivia Williams) – bastante subutilizada – está comovente como mãe de Tom, e Radu (Djimon Hounsou) dá um certo medo em certos momentos, mas poderia ter tido um maior impacto se mais explorado.

O que salva? Uma das coisas positivas do filme são os efeitos especiais. O orçamento de quase $ 100 milhões com certeza contribuiu, pois as cenas de ação são realmente muito bem feitas; o 3D até que funciona em determinadas partes, como as que vemos as bruxas voarem em nossa direção rapidamente. Batalhas eletrizantes contra ogros e ursos gigantes também estão presentes na trama, além de uma queda d’água extremamente alta e que quase mata Tom.

As atuações de Bridges e Moore são formidáveis. O primeiro conquista facilmente desde a cena em que está em um bar e acaba com um soldado que o provoca. Até o fim, o ator consegue nossa atenção ao desenvolver uma personalidade predominantemente sarcástica em Gregory. A versátil Moore, em seu terceiro papel no ano, apenas é prejudicada pelo roteiro, que não lhe deu diálogos suficientes para mostrar com força a crueldade de Malkin. O fim mal produzido também não ajuda a antagonista.

O Sétimo Filho promete ser uma grande aventura, mas apenas fica por aí. Você assiste, ri e assiste às batalhas muito bem produzidas na telona, só que sai do cinema com um vazio, sem querer mais; a não ser que tenhamos personagens melhor desenvolvidos e com mais carisma no futuro (bom base nas bilheterias, isso não vai acontecer). Dizendo as mesmas palavras do meu primo de 12 anos que viu comigo, “achei fraco”.