Missão: Impossível – Nação Secreta é o quinto filme com o quinto diretor (Christopher McQuarrie) de uma única franquia. O que poderia significar falta de originalidade com o material original, na verdade significa uma certa singularidade para cada uma das obras, o que não é diferente com esse último exemplar. Uma franquia que sobrevive com muita força principalmente por conta do seu protagonista.
Desde a primeira sequência, o filme já consegue impressionar com uma cena que é simplesmente fabulosa, e o fato do seu protagonista não usar dublês deixa tudo ainda mais impressionante. Essa sequência, inclusive, é ótima para expor as relações entre os personagens principais.
O longa possui certa ambiguidade moral durante uma parte do enredo, não deixando muito bem claro quem são os vilões e mocinhos da trama, o que acaba criando certa profundidade nesse aspecto. A personagem de Rebecca Ferguson, salva Ethan (Tom Cruise) diversas vezes, mas nunca fica totalmente claro se ela quer apenas a confiança dele ou realmente quer ajudá-lo. Uma construção bem bacana em um gênero tão injusto com as figuras femininas.
Seria muito difícil falar de Missão: Impossível – Nação Secreta (ou de qualquer outro filme da franquia, na verdade) sem falar das peculiaridades do seu astro. Tom Cruise é único em sua espécie. Um ator que se mostra profundamente apaixonado por tudo o que faz, se no quarto filme o astro ficou pendurado no topo do prédio mais alto do mundo, nesse novo projeto ele fica do lado de fora de uma aeronave em pleno voo. É curioso que brincam inclusive com o ator e personagem em alguns momentos, seja no momento em que uma curta gag faz piada da estatura do ator, seja no momento em que um personagem não tem dúvidas de que Ethan é capaz de executar uma difícil manobra embaixo d’água (que o ator confessou ter feito curso de mergulho para aprender a segurar o fôlego por alguns minutos).
Algo que ajuda muito na construção do filme é o fato de que os antagonistas representam uma ameaça real para os objetivos dos mocinhos, fazendo com que fiquem constantemente em dilemas; e tenham que traçar uma saída muitas vezes em segundos, seja dando um tiro inesperado ou se colocando como escudo humano para frustrar os planos de Solomon Lane, o vilão interpretado muito bem por Sean Harris (com destaque para a construção da voz do personagem).
É bem interessante como o filme desenvolve as relações entre os personagens principais do IMF (mesmo que em boa parte da produção a agência tenha sido dissolvida). É interessante notar que até uma inserção de marcas serve para o bem da trama, no caso, usando um personagem jogando videogame no trabalho para mostrar como o personagem do Simon Pegg (sempre ótimo) está desmotivado e entediado no trabalho.
A obra consegue brincar com toda a mitologia da série e ainda assim ter um frescor que a maioria das produções recentes do gênero deviam invejar. Consegue colocar os personagens em dilemas e reviravoltas que em nenhum momento soam aborrecidas ou previsíveis. Espero do fundo do meu coração que a franquia continue com essa energia nos próximos filmes.