O PROBLEMA DE ANTOLOGIAS É QUE DIFICILMENTE TODAS ELAS CONSEGUIRÃO MANTER O NÍVEL DE QUALIDADE ELEVADO. No caso de Holidays (2016) é ainda pior porque nenhuma das oito histórias chama realmente a atenção.
A franquia V/H/S inaugurou um conceito diferente para essas antologias de terror e Holidays oferece uma promessa interessante para o seu público: que tal oito histórias arrepiantes que se passam em alguns dos feriados mais importantes do nosso calendário? É original, parece atraente, mas faltou o básico: histórias realmente bem escritas. Exceto pelo conto de ano novo, todas as outras são medíocres – incluindo a dedicada ao Halloween, cuja direção e roteiro são de Kevin Smith.
Minha história favorita é a dedicada para o Reveillon. Escrita e dirigida por Adam Egypt Mortimer, ela conta a história de um psicopata decidido a fazer mais uma vítima na noite da virada do ano. O que ele não esperava – e nem o espectador – é que teria uma enorme surpresa. Além do roteiro mais bem acabado e que funciona melhor ao longo dos poucos minutos disponíveis para cada curta-metragem, os atores são eficientes e entendem a proposta da trama.
Scott Stewart dirige o conto natalino sobre um pai apático que se dá mal na hora de comprar o presente para o filho (Herói de Brinquedo feelings), mas por um golpe de sorte do destino, consegue evitar o fiasco de frustrar a criança. O negócio é que ele precisou cometer um crime para conseguir o presente e isso cria uma inusitada revelação com a sua esposa – uma pessoa extremamente dominante.
Kevin Smith, outrora conhecido como uma das grandes revelações da indústria, produz um curta-metragem sobre um trio de cam-girls decididas a se vingar do “cafetão” babaca delas. Podemos reconhecer o estilo de Smith justamente pela linguagem e contexto, mas a verdade é que o roteiro é fraco e se distancia da maioria das obras com assinatura do cineasta. O excesso de humor-negro (sem graça) prejudica o desenvolvimento da narrativa e o resultado é frustrante.
A falta de noção e o mau-gosto dominam os roteiros dos outros curtas, como é o caso do curta-metragem sobre a Páscoa e Dia das Mães. Nem mesmo as continuações horrorosas de V/H/S ficaram num nível tão baixo. O exercício criativo desse grupo de cineastas deve ser encarado apenas como um entretenimento vazio movido apenas pela vontade de produzir alguma coisa, quando o melhor seria apenas cruzar os braços e observar quem sabe contar histórias de terror, como acontece no irregular Tales of Halloween (2015), que possui mais acertos do que equívocos – dentre eles, um curta-metragem dirigido pelo excelente Neil Marshall, de Abismo do Medo.
Sem muito peso na consciência: Holidays está entre algumas das experiências mais desagradáveis que tive envolvendo cinema em 2016.