A saga Divergente estreou dois anos após o primeiro Jogos Vorazes, com a expectativa de também se tornar um fenômeno mundial. Já se foram dois filmes e ela passa longe de ser uma franquia popular e amada. Por quê? Convergente (Allegiant, EUA, 2016) meio que prova o motivo de, pelo menos eu, não ligar tanto para a história criada pela autora Veronica Roth.
Não tenho absolutamente nada contra o universo criado por ela, afinal, considero o mesmo bastante interessante e misterioso. Desde Divergente (2014) bate aquela curiosidade em relação ao que está lá fora e como os personagens principais vão agir para descobrir o que aconteceu com a Terra e como foram parar ali. A continuação, Insurgente (2015), seguiu alimentando nossa vontade de desvendar o segredo e eu até prefiro ela em relação ao primeiro da série, que foi bastante cansativo. Convergente continua a nos dar novas informações e reviravoltas. Portanto, o problema que persiste na série reside em outro lugar: o elenco.
Algo que ficou claro desde o início foi a falta de carisma dos atores, em especial o da intérprete da heroína Tris (Shailene Woodley). Ela simplesmente não consegue dar vida à protagonista. É uma atuação sem paixão, que nunca consegue cativar. O romance clichê entre ela e Quatro (Theo James) também deixa a desejar e continua sem graça em Convergente. Eles fazem um casal frio, sem química alguma, sendo um desafio criar qualquer tipo de conexão com o público por meio do amor que eles sentem um pelo outro. Como são os papéis primordiais da narrativa, fica praticamente impossível se envolver com o desenvolvimento da história.
O restante dos atores segue o ritmo dos protagonistas de maneira geral. Caleb (Ansel Elgort) é, desculpe o termo, um mala sem alça; é até estranho vê-lo na tela com Woodley desse jeito, após estarem em sintonia perfeita no drama A Culpa é das Estrelas (2013). Miles Teller é um dos poucos que se esforça para trazer algo vibrante ao filme, estando, como nos capítulos anteriores, muito irritante como seu personagem deveria ser. No fim das contas, acabamos torcendo para ele ter um final caprichado, ao contrário da nossa indiferença aos demais.
Se Evelyn (Naomi Watts) surgiu como possível nova vilã após sua cena final em Insurgente e cena inicial em Convergente, David (Jeff Daniels) rouba sua função no final da aventura. Ainda falta informação sobre quem seu personagem é e quais são as suas motivações, mas ele mostra ser o grande antagonista. Mais uma vez, Daniels é um chato homem de terno (assim como seu personagem na mediana cinebiografia Steve Jobs e Perdido em Marte) e passa longe de ser um vilão que nos cative, algo que Kate Winslet fez muito bem. Ou pelo menos tentou muito bem na pele de Jeanine.
Por outro lado, a ação é um ponto positivo da adaptação; trata-se de algo que nos distrai um pouco dos personagens entediantes. Talvez você sinta em Convergente o mesmo que eu senti: um filme de ação eletrizante, mas com um elenco incapaz de nos fazer nos apaixonar pela história de Roth. Verei o último pelo mesmo motivo do segundo e do terceiro, que é a curiosidade em saber o que vai acontecer na distopia. O resto eu empurro pela barriga igual a uma matéria monótona da escola.