CAROL É UM DRAMA SOBRE O AMOR. E assim como o sentimento, ele é sensível, delicado e pode causar muita dor. Dirigido por Todd Haynes (Velvet Goldmine) e estrelado por Cate Blanchett e Rooney Mara, o longa-metragem apresenta a história de uma jovem que se apaixona por uma mulher mais velha.
A premissa de Carol é trabalhar com o amor e suas complicações. Acompanhamos aqui o simples ato de se apaixonar e tudo que acontece em decorrência disso. Dos obstáculos que a família e os amigos criam até aqueles que a própria convivência pode acabar construindo. O detalhe de que estamos falando de um casal gay não faz a menor diferença, considerando que o amor não é exclusivo para as relações heterossexuais e ficar martelando o quanto as pessoas são preconceituosas é algo que não estou interessado em falar aqui. Problema delas. E seu, se for o caso.
Baseado num romance publicado em 1952, Carol apresenta Therese (Mara) como uma jovem indecisa e inexperiente prestes a iniciar um daqueles tais “relacionamentos para a vida toda” com um cara que ela não ama. Por pressões externas, como se fosse obrigada a atender as expectativas das pessoas que convive, ela se deixa envolver. No entanto, a sua vida se transforma completamente a partir do momento em que descobre sensações até então desconhecidas. Tudo isso começa simplesmente no momento em que troca o seu primeiro olhar com Carol (Blanchett), uma mulher mais velha, casada e que sabe exatamente o que quer. E como conseguir.
Quando se fala de relacionamentos é sempre necessário levar em consideração que existem duas pessoas com suas respectivas histórias de vida. Cada experiência vivida significa muito no momento de trabalhar junto de alguém para fazer uma relação dar certo. No caso de Therese, podemos perceber que ela claramente se torna o lado mais fraco do relacionamento. A sua insegurança e necessidade de descobrir quem é, acaba a colocando na mão de Carol, que obviamente começa a tratar a garota como uma espécie de diversão que foge do controle e se torna algo sério. Ou seja, mesmo se apaixonando posteriormente, é difícil não identificar um comportamento abusivo de Carol em cima de uma jovem em busca de sua própria identidade. No entanto, a obra não segue esse caminho e logo acompanhamos o sofrimento das duas partes, cada uma por um motivo em especial, mas principalmente por não poderem permanecer juntas.
Haynes acerta em cheio ao trabalhar lentamente o desenvolvimento da relação. Tudo começa com um flerte inocente, como se não fosse nada. Aos poucos, Carol e Therese vão se envolvendo de uma forma natural e que nos faz acreditar na veracidade dos sentimentos de ambas. Para se ter uma ideia, o primeiro contato físico só acontece depois de mais de uma hora de projeção, o que reforça o fato que o sexo é apenas uma consequência do amor das personagens e que a nudez das atrizes é necessária para recriar toda a intimidade de um casal apaixonado.
Carol é um belo longa-metragem sobre as dificuldades de fazer o amor ser mais do que palavras carinhosas e de boas transas. A obra nos ensina que é preciso superar as dificuldades, mesmo que muitas delas venham com imposições da sociedade julgando nossas escolhas e liberdade, e buscar fazer isso respeitando nossa própria individualidade sem pisar ou machucar aqueles que tanto nos dedicam atenção e respeito.