BOA PARTE DAS PESSOAS ACREDITA QUE UMA TRAIÇÃO FAÇA PARTE DA NORMALIDADE UMA RELAÇÃO MODERNA. Um mal necessário, para alguns. Um ato imperdoável, para a maior parte, especialmente homens. No entanto, para a pessoa que decide trair (seja ela homem ou mulher), nem sempre é uma boa ideia se arriscar em um caso com qualquer pessoa. As chances de ser chantageado, perseguido, receber mensagens no celular, naquele maldito Facebook, ou mesmo ligações ou visitas constrangedoras é grande e ninguém está disposto a querer ser flagrado facilmente. Esse medo aumenta bastante para a pessoa que assistir Atração Fatal, thriller horripilante estrelado por Glenn Close e pelo maníaco sexual Michael Douglas.
Verdadeiro filme de terror dos relacionamentos (só não digo que é o mais assustador para os homens por existir uma obra chamada A Pele Que Habito, de Pedro Almodóvar), a trama apresenta um advogado de sucesso que comete o deslize de transar com a provocante Alex (Close) enquanto vive um momento morno no seu casamento. O sujeito aproveitou a viagem da esposa para cair na tentação, e bem, a amante ignorou a parte em que “era só uma noite” e se revelou a maior psicopata do amor da história do cinema.
Recheado de cenas excitantes, como o provocante flerte de Alex e Dan em um restaurante, por exemplo. Não há nenhum ato físico, a sedução está nos diálogos e na química incrível entre os dois atores. A atração é natural, contagiante, e extremamente selvagem, como é visto logo na sequência, na famosa cena de sexo em cima da pia da cozinha. Difícil ficar indiferente.
Merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz, Close está incrível. Realmente transmite medo, ela faz o espectador masculino se imaginar na pele do personagem de Douglas, e sentir calafrios cada vez que aparece sem avisar. A personagem sofre do distúrbio borderline, a mesma doença de Winona Ryder, em Garota, Interrompida. Particularmente, é meio complicado entender como Douglas trocaria sua esposa por Close, mas gosto é gosto. Anne Archer, que interpreta a esposa traída, recebeu uma indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante.
Certas “aventuras românticas” são estimulantes especialmente pela necessidade que temos de correr riscos. Em alguns casos não é por falta de amor, mas apenas uma vontade incontrolável de se sentir desejado ou saber que é capaz de fazer outra pessoa querer tirar a sua roupa. Colocar essa necessidade em prática implica vários perigos, como o filme de Adrian Lyne demonstra. Claro que é QUASE impossível se deparar com uma psicopata como Alex na vida real, mas prevenir (leia-se “não trair”) não custa. No entanto, ao mostrar uma possível consequência de uma traição, Atração Fatal acerta por assustar o espectador e eventualmente evitar que um casamento chegasse ao fim.
Atração Fatal é a primeira parte daquela que pode ser chamada da trilogia do sexo de Michael Douglas, que supostamente tem/tinha compulsão sexual fora das telas. Anos depois, o ator protagonizaria cenas calientes com Sharon Stone, em Instinto Selvagem, de Paul Verhooeven; e Demi Moore, em Assédio Sexual, de Tom Sanders. Curiosamente, no último exemplo, ele também passa apuros por conta de uma indiscrição momentânea e vê sua vida sendo revirada por conta da maníaca vivida por Moore.
Para vocês, leitores do Cinema de Buteco, fica a dica: na dúvida, não se arrisque e valorize a grama do seu quintal. Arrume umas ferramentas novas, dê aquela turbinada no regador e cuide do seu jardim com todo o carinho do mundo para não correr riscos. E preste atenção com aqueles malditos poodles da vizinha/vizinho delícia: ele só vai fazer merda para você limpar!