Martin Scorsese é uma das figuras mais importantes da história do Cinema, não só pelos seus filmes, mas também pelo seu trabalho como restaurador de obras antigas, o que demonstra o claro amor que ele tem pela sétima arte. Acredito que essa lista seja uma maneira de expressar toda essa nossa paixão pela sua carreira. Todo cinéfilo tem muito a agradecer ao tio Marty pela sua magnífica trajetória, repleta de obras primas.
Nascido em Little Italy, um bairro da cidade de New York, Martin queria ser um padre quando jovem, mas acabou entrando para a vida do Cinema. Um dos diretores da chamada Nova Hollywood, Scorsese ficou conhecido pela forma fabulosa que retrata a violência e a natureza humana. Sem mais delongas, vamos à lista de filmes favoritos do Scorsese.
Caminhos Perigosos
é sobre Charlie, um rapaz dividido entre a sua família religiosa e conservadora e os seus amigos que são vistos como maus elementos por eles, o personagem também está dividido entre a sua visão religiosa e a imoralidade do mundo. É um filme incrivelmente pessoal e autobiográfico de um dos maiores diretores americanos, marco do início da longa parceria entre o Scorsese e De Niro. Embora nem sempre seja lembrado, continua sendo uma das maiores obras do diretor.
Taxi Driver
é o meu filme favorito de todos os tempos. Acho que a atuação do De Niro e a direção do Scorsese, aliadas com a trilha do Bernard Herrmann (a última dele) ajudam nessa perfeição – sim, digo perfeição, para mim Taxi Driver é um dos poucos filmes perfeitos já feitos. A obra desenvolve de maneira excepcional o protagonista e a sua doença, a sua aversão ao mundo, a sua falta de habilidade social. A conhecida cena do “Are you talking to me?” é uma das mais famosas da história do Cinema e uma das mais viscerais da obra do Scorsese. O final do longa é muito enigmático, e existem diversas interpretações: o Travis pode ter morrido no tiroteio e todo o resto foi o que ele queria que ocorresse; ele pode ter sobrevivido e ainda ser um psicótico (e ele dá um certo olhar no final do filme que favorece essa hipótese); ou ele simplesmente está saudável no final, mas eu diria que essa é a visão menos provável da conclusão.
Touro Indomável
foi o filme que deu o segundo Oscar do Robert De Niro. O ator aprendeu a lutar boxe para fazer o personagem Jake LaMotta jovem e ficou um tempo na Itália para engordar para interpretar LaMotta em uma fase mais velha. De Niro estava tão concentrado na atuação, que uma cena em que um morador de um apartamento próximo gritou pedindo silêncio e o ator, sem sair do personagem, começou a gritar pela janela e a cena foi incluída no filme. Scorsese consegue usar a violência gráfica da obra para explorar o personagem e a própria natureza humana. E a violência gráfica não é pouca, o filme é em preto e branco justamente para não mostrar tanto sangue em cores.
Os Bons Companheiros
é um dos maiores filmes de máfia da história, e ao contrário da saga O Poderoso Chefão, que retrata os chefes da máfia, o filme retrata a “classe baixa” da máfia. O protagonista, Henry Hill, é interpretado pelo Ray Liotta e não pode crescer muito na máfia por não ser italiano. A obra mescla muito bem a violência com os diálogos, fazendo ela surgir repentinamente, aumentando o impacto da mesma. E também brinca com sua própria estrutura, em uma cena em um restaurante em que a tensão aumenta ao máximo, embora não ocorra violência alguma. Essa cena do restaurante também é muito boa para o desenvolvimento dos personagens, já aquela tensão ocorre entre dois melhores amigos.
Vivendo no Limite
Quem diria que Nicolas Cage algum dia pudesse chegar na frente dos amigos atores durante uma festa à bordo de seu iate, e contar vantagem dizendo: “cara, eu trabalhei com o tio Martinho e foi foda”?
Merece ser visto não apenas pela união improvável entre Scorsese e Cage, mas por sua qualidade obscura. Destaque para a maneira como o diretor acelera algumas cenas, como se quisesse colocar o espectador no meio da loucura completa que são os personagens e a trama de Vivendo no Limite
Tullio Dias
Gangues de Nova York,
Martin Scorsese “adotou” o galã Leonardo DiCaprio em Gangues de Nova York, e como o próprio ator disse em algumas entrevistas, modificou o rumo de sua carreira para sempre. Ao trabalhar com o tio Martinho Monocelha, DiCaprio se consagrou de vez como um grande ator. Percebendo o talento do ator, Scorsese iniciou uma série de parcerias com DiCaprio, assim como já havia feito com Robert DeNiro no passado.
Em Gangues de Nova York acompanhamos uma bela homenagem à cidade querida do diretor e também uma bela história de vingança, com direito a um verdadeiro show de interpretação do elenco, especialmente o brilhante Daniel Day-Lewis. (Tullio Dias)
O Aviador
é uma cinebiografia do milionário excêntrico Howard Hughes. A produção conta com um esquema de cores fascinante, pois ele emula a fotografia colorida da época em que o filme se passa, emulando um technicolor de duas bandas de cor, o que acaba sendo uma grande homenagem ao Cinema clássico. A obra se passa durante um período de aproximadamente 20 anos, retratando o crescimento do transtorno obsessivo-compulsivo do personagem. Um personagem que em momento algum é caricato ou unidimensional, sempre apresentado como uma figura complexa e fascinante.
Os Infiltrados
é um jogo de caça ao rato genial. A polícia procurando um infiltrado da máfia e a máfia procurando um infiltrado a polícia. É tudo muito tenso, principalmente por se basear na estratégia de cada instituição procurar e esconder o seu agente duplo. Bastante engenhoso. Essa história jamais funcionaria sem as excelentes atuações do formidável elenco que conta com o Leonardo Dicaprio, Matt Damon e Jack Nicholson (em sua única parceria com o Scorsese).
Ilha do Medo
Scorsese voltou para o gênero suspense/terror com a incrível adaptação de Ilha do Medo (lançado originalmente no Brasil com o título O Paciente 67). Com Leonardo DiCaprio no papel principal, Scorsese conduz um thriller angustiante que deixa o espectador com os cabelos arrepiados até chegar na conclusão inesperada e surpreendente.
Tullio Dias
A Invenção de Hugo Cabret
Hugo é uma grande homenagem ao Cinema, e ao fascínio que ele é capaz de nos fazer sentir. Além de ser uma grande homenagem ao George Méliès, um dos maiores diretores da época do cinema mudo. É também a maior bilheteria do nosso nova-iorquino favorito, o que é um bocado irônico, já que o filme se passa em Paris dos anos 20.