“Há milhares de ruas nesta cidade. Diga a hora e o lugar e te dou cinco minutos. Haja o que houver nestes cinco minutos e eu sou seu, seja o que for. Mas qualquer coisa que acontecer depois destes cinco minutos, você está por conta própria. Entendeu?”
O cartão de visitas do “Driver” resume muito bem a essência do filme, ele é contido, preciso e dentro do curto tempo de duração a satisfação é garantida. Sinceramente fico aqui pensando por onde começar a falar de Drive, o filme é muito mais que uma narrativa de uma história qualquer, a obra tem tantas, mas tantas referências que os olhinhos chegam a brilhar e você não sabe por onde começar a comentar.
Em essência Drive é muito simples: o cara é um Bad Boy, o cara se apaixona uma garota, entra em uma confusão por causa da garota… E por aí vai. Mas é aí que mora o X da questão, é exatamente por causa de toda simplicidade do roteiro que podemos deliciar cada outro pedacinho do filme, como a brilhante direção de Refn vencedora em Cannes, a fotografia impecável de Sigel e a trilha sonora cretina que vai do começo ao fim sem perder o tom.
Logo depois dos dez primeiros minutos, que o apresentam em sua segunda profissão (motorista de roubos), o filme já entra de cara na sua pegada mais sacana pra prender mesmo o público. O Synth Pop anos 80 começa a rolar solto, o clima neo noir toma conta da tela, o foco vira pra Ryan Gosling dirigindo seu carro (o que predomina metade do filme) e pronto, você já não quer mais desgrudar da tela nem por um segundo.
Na sequência ele conhece a garota no elevador, já rola uma troca de olhares… É tudo tão batido, mas apresentado de uma forma tão original e tão cretina que não tem como não gostar. E a garota é nada mais nada menos que a apaixonante Carey Mulligan em uma versão muito mais adulta que o de costume. Como o filme é direto, logo são mostrados todos os ambientes, a química entre o casal principal é fácil e o andamento simplesmente flui, quando você vai ver já passaram 40 minutos de filme e você acha que é a introdução.
E são exatamente essas cenas do casal com a criança passeando pela cidade, a ótima trilha sonora de fundo que fazem com que o ritmo da primeira parte seja tão acertado. E então o problema principal é apresentado: por causa de problemas do marido de Irene (a garota) ele se envolve com a máfia. É então que o talento de Ryan brilha! Ele é seco, contido até quando ri e acreditem se quiser… fala o mínimo possível. Sério, é outro Ryan Gosling, e este está levemente possuído. Nessa parte se destaca também o brilhante trabalho de edição nas partes de ação e perseguição. O que a primeira parte tem de blasé a segunda tem de ação e emoção. As cenas de fuga com o carro são feitas com maestria, as de luta com o artifício do “slow motion” melhores ainda, enfim, é uma obra de arte cinematográfica como há muito não se via.
É incrível como que esse ano estamos sendo presenteados com novas narrativas, filmes com novas caras, fotografias incomuns e que diferentemente do resto não valorizam muito o roteiro. Drive é uma crocância em todos os termos, desde o incrível elenco, a incrível direção, até a trilha sonora synth pop oitentista que nos faz sair do filme querendo fazer cara de blasé ou pros mais empolgados com a musiquinha “A Real Hero” no modo repeat.
Nome Original: Drive
Direção: Nicolas Winding Refn
Produção: Michel Litvak
John Palermo
Marc Platt
Gigi Pritzker
Adam Siegel
Roteiro: Hossein Amini
Elenco: Ryan Gosling (Namorados Para Sempre)
Carey Mulligan (Não me Abandone Jamais)
Bryan Cranston (Conan, o Bárbaro)
Christina Hendricks
Ron Perlman
Oscar Isaac
Albert Brooks
Lançamento: Set/2011