O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de Drive possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
CLINT EASTWOOD FEZ SUCESSO INTERPRETANDO HOMENS SILENCIOSOS, mas cheios de impulsos violentos. Durante o passar dos anos, essa caracterização de personagem foi perdendo atenção das grandes produções – especialmente falando em protagonistas.
Felizmente, um doidinho chamado Nicolas Winding Refn teve a oportunidade de adaptar um livro com um personagem que poderia facilmente ser vivido por Eastwood, mas que acabou no colo de Ryan Gosling.
A trama conta a história desse motorista que ganha a vida como dublê de filmes de ação e mecânico, e de vez em quando como motorista de fuga em assaltos. Ele se envolve com sua vizinha, que acaba de receber de volta o marido ex-presidiário, que tem uma dívida para pagar com uns mafiosos do mal.
Newton Thomas Sigel (diretor de fotografia de Os Suspeitos e Bohemian Rhapsody) é o responsável por um dos pilares principais que tornam Drive tão incrível. A fotografia é parte fundamental da caracterização desse personagem. Em alguns momentos, o motorista é pura escuridão e em outras aparece sorrindo ao lado de sua vizinha.
Destaco especialmente o momento brilhante em que Blanche leva chumbo na cabeça em slow motion e voa sangue para todos os lados. Após matar os bandidos, o motorista fica envolto de sombras e com o rosto sujo de sangue. Outra cena maravilhosa é quando o motorista dá um pega na vizinha dentro do elevador.
O mundo exterior deixa de existir e Irene se torna a única fonte de luz na escuridão. Após o beijo, o motorista ataca um bandido de forma violenta e impiedosa. Ao mesmo tempo em que salvou a vida de Irene, ele encerrou as chances de um relacionamento com ela no momento em que a porta do elevador se fecha com ela do lado de fora.
Cliff Martinez é o outro responsável por Drive funcionar tão bem. A trilha sonora é marcante para embalar momentos de tensão (como os sufocantes minutos iniciais com a perseguição de carro que mostra todo o talento do motorista). Fora o material original, existem muitas faixas que ajudam a criar um clima único e inesquecível para essa joia.
Um dos melhores filmes da década, Drive pode não ser fácil de digerir para quem tem estômago fraco, mas em sua trilha sonora e principalmente fotografia, está uma produção obrigatória para qualquer cinéfilo que se preze e queira entender o mundo do cinema entre os anos 2011 e 2020.
PS: Talvez seja novidade para você, mas Bollywood vai lançar um remake de 2h30 de Drive ainda em 2019.