OSKAR SHELL (THOMAS HORN) NÃO É UMA CRIANÇA COMUM – e não é porque ele foi testado para Síndrome de Asperger (com resultados inconclusivos). O que o diferencia de tantas outras crianças é que, do alto de sua pouca idade, Oskar já passou pelo inimaginável: perdeu o pai, Thomas (Tom Hanks), no ataque terrorista às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001.
Tão Forte e Tão Perto, o quarto longa de Stephen Daldry, trata do luto de Oskar, uma criança que tenta encontrar sentido na maldade dos adultos. Um ano após a morte do pai, ele decide se aventurar por seu temido armário e descobre uma chave e um recorte de jornal com as palavras “nunca pare de procurar” grifadas. O garoto vê na ocasião uma oportunidade de manter o pai vivo em sua memória através de mais uma missão de reconhecimento – a última.
O ponto de partida para encontrar a fechadura que a chave abrirá é a única inscrição no envelope: o nome Black. Apesar de todas as suas fobias e da falta de habilidades sociais, Oskar parte em busca do último enigma deixado por seu pai, a quem idolatrava. Antes da morte prematura, Thomas, um joalheiro que queria ter sido cientista, incutiu no filho o gosto por mistérios e buscas enigmáticas – entre elas, a procura pela fictícia sexta região de Manhattan.
Obstinado, ele bate em 216 portas dos 472 Blacks que encontrou na lista telefônica. É difícil prever onde, a que ou quem a busca o levará, e é isso que prende o espectador por mais de duas horas de filme. Neste processo, a busca abre portas que Oskar não poderia prever: novas amizades e um pedaço perdido dele mesmo e do próprio pai. Muito disso também se deve à competência de Thomas Horn, que não hesita em colocar para fora todas as emoções conflitantes que envolvem o personagem. Em meio aos veteranos – o elenco coadjuvante inclui Sandra Bullock, Viola Davis, Jeffrey Wright e John Goodman -, o estreante não parece se deixar intimidar pelo time premiado.
O resultado é um retrato sensível do que é ser confrontado pela morte repentina de um ente querido pela primeira vez – uma experiência que tem tudo para ser brutal. Para quem se prendeu ao Stephen Daldry de As Horas pode se surpreender. Tão Forte e Tão Perto está mais para Billy Elliott. No mundo daldryiano, é mais uma criança desajustada em um universo de adultos tão perdidos quanto os pequenos.
Simples, bonita e emocionante, esta foi uma bela adição à nova safra de filmes pós- 11/9 e só decepcionará àqueles que esperam uma incursão um pouco menos comercial e mais existencialista do diretor que ficou famoso por trazer à tona dramas femininos. Mais de dez anos após a tragédia, ainda é possível encontrar belas histórias em seus escombros.
Título original: Extremely Loud and Incredibly Close
Direção: Stephen Daldry
Produção: Scott Rudin, Celia D. Costas, Tarik Karam, Nora Skinner
Roteiro: Eric Roth
Elenco: Tom Hanks, Thomas Horn, Sandra Bullock, Zoe Caldwell, Max von Sydow, Viola Davis, Jeffrey Wright, John Goodman
Lançamento: 2011
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