De Anton Corbijn. Com Sam Riley, Samantha Morton, Alexandra Maria Lara, Joe Anderson, Toby Kebbell, Craig Parkinson, James Anthony Pearson, Harry Treadaway.
“Ian Curtis morreu em 18 de maio de 1980. Ele tinha 23 anos.” Essa é a frase que fecha Control, filme biográfico do cantor, vocalista do Joy Division. Embora conclusiva, é uma frase que deixa questões em aberto. Não descobrimos quem foi Ian Curtis, nem porque decidiu dar cabo da própria vida sendo que tinha ainda toda a sua vida pela frente. Sabemos apenas que independente do motivo, ele não conseguia mais viver.
Acompanhamos a rápida ascensão do vocalista (vivido por Sam Riley) a partir do momento em que conhece sua esposa Débora (Samanta Morton), e a de sua banda, cujo sucesso aumenta proporcionalmente à gravidade da doença que ele descobre possuir – a epilepsia, que teme não poder controlar. Era isso que mais o assustava, percebe-se, quando na primeira cena do filme, ele afirma já não possuir nenhum controle sobre seu presente; tudo o que seu futuro representa é seu passado, ou melhor, o legado que deixou quando à frente da banda.
Dada a imaturidade comum a qualquer jovem de 23 anos, Ian não sabia lidar com a pressão de ser um pai de família presente, ao mesmo tempo em que a idéia de ser o frontman de uma banda de sucesso o intimidava um pouco. Dividia-se entre a gratidão e o afeto que nutria pela sua esposa, ao mesmo tempo em que via em sua amante praticamente um sopro de vitalidade em comparação com sua vida conjugal, tão tediosa e já desinteressante, como escreve na letra de She’s lost control.
A competência do elenco é fundamental para o êxito do filme: Samantha Morton como de costume, não decepciona, e consegue mostrar a diferença de atitudes de Débora, antes uma jovem apaixonada, depois uma mãe de família que se dedica demasiadamente ao marido distante (a cena em que ela acha Ian morto em casa é de arrepiar). Ao mesmo tempo temos o até então novato Sam Riley: é impressionante a sua performance como Ian! A forma como ele não só imitou, mas encarnou todos os trejeitos do cantor, principalmente nas cenas de permormances ao vivo (em que nem parece dublar, mas sim cantar de fato) e nas cenas dos ataques epiléticos.
Contando com uma bela fotografia em preto e branco, provavelmente adotada para mostrar a constante tristeza que acompanhava o cantor, Control talvez seja a biografia menos biográfica dos últimos tempos, já que não se concentra em contar toda a vida do artista, mas apenas os conflitos que permearam o seu processo criativo, e que fizeram de Ian Curtis, tão excepcional. As questões continuam em aberto. Mas isso se deve pelo simples fato de que elas não se resolveram nem para ele mesmo.