DESVIRGINEI NO FESTIVAL DO RIO 2011 COM esse documentário sobre o cineasta/fotógrafo/diretor de filme pornô gay Bruce LaBruce. Confesso que não sabia muito sobre o Bruce, apenas que ele era polêmico e que era importante na cultura gay, mas não sabia quanto e nem como. Com o Festival do Rio desse ano, Bruce aparece com esse documentário de Angélique Bosio sobre seu trabalho e com o LA Zombie, dirigido por ele.
O documentário mostra outros cineastas, fotógrafos e escritores importantes, como Gus Van Sant, Bruce Benderson, Harmony Korine e John Waters, e também atores que participaram de seus projetos; além do próprio Bruce comentando seu trabalho. Entre as histórias sobre sua vida, entrevistas e depoimentos, são mostradas cenas de seus filmes e projetos dos quais participou.
Os filmes, fotografias e o próprio nome artístico de Bruce fazem parte do movimento Queercore, que literalmente descontruindo o termo, seria uma mistura do queer (um termo meio pejorativo pra se referir aos gays mais caricatos) com o hardcore (que se refere a algo mais “pesado”) ou seja, exibem violência, sexo e mensagens políticas da forma mais explícita e debochada possível. Bruce, que inicia sua carreira no final da década de 1980, usa e abusa de todos os clichês e referências da época, satirizando e ironizando não só a cultura gay, mas o movimento punk e skinhead e pode-se dizer até mesmo com a “moral e decência” da sociedade americana. Hoje em dia, as referências seriam mais os filmes de zumbi e terror trash. Em seus filmes vemos desde punks ejaculando no Mein Kampf, pessoas transando com amputados, passando pela “inversão” dos papéis femininos e masculinos, até chegar aos zumbis que revivem os mortos com seu sêmen e muito sangue.
O título do filme em inglês, The Advocate For Fagdom, acho que explica o trabalho de Bruce: por mais subversivo, provocativo, minimalista (risos) e, principalmente, ácido que seja o trabalho de Bruce, ele apenas defende o “fagdom” e provoca o espectador, mostrando o melhor e o pior. O documentário é ótimo pra quem conhece e pra quem não conhece o “underground” do mundo gay, o movimento Queercore e o trabalho de Bruce. O formato dinâmico não cansa quem está assistindo, e os depoimentos são bem curiosos. Vale a pena.