Doce Vingança


Certos filmes te fazem ter preguiça do gênero terror. Doce Vingança (tradução sinistra para I Spit on Your Grave) é um exemplo. Tudo bem que se trata de um suspense para quem tem estômago forte, mas nada justifica uma produção tão doentia e que faria Eli Roth se sentir como um garoto delinquente que descobre prazer em torturar animais. Gosto de filmes de terror, gosto de filmes que incomodam, mas esse exemplo aqui soou meio gratuito demais e pelo meu hábito de “entrar” na história, acabou sendo um tanto desagrável. Quando o Fabricio comentou que cerca de 10 pessoas abandonaram a exibição da pré-estreia, não foi para pouco. Doce Vingança te faz querer vomitar com um total sentimento de asco pelos personagens.

Estrelado pela ilustre e bela desconhecida Sarah Butler (que interpreta Jennifer), o longa conta a história de uma escritora que resolve passar um período numa casa no meio de uma floresta deserta (qual o problema das mulheres que sofrem de síndrome de independência e acham que podem se aventurar sozinhas para qualquer lugar?). Tudo ia bem até ela receber a visita indesejável de quatro homens que decidem tortura-la. Após ser vítima da agressividade animal do bando, ela retorna em busca de vingança.

Pode-se dizer que não é um filme ruim. Ele cumpre bem o seu papel, que é de chocar e quem decidir conferir a produção dirigida pelo desconhecido Steven R. Monroe, deve estar bem preparado para ver as cenas de violência física (e psicológica) mais marcantes desde o estupro de Monica Belucci em Irreversível. O diretor consegue criar uma atmosfera de relaxamento durante o primeiro ato até partir para o verdadeiro pesadelo da personagem, que indefesa se vê perdida no meio de quatro homens com as piores das intenções. Mas logo depois da personagem “desaparecer” da vista dos marginais, o lado psicológico e pesado desaparece para dar lugar à uma sequência de Jogos Mortais ou O Albergue. A violência da personagem contra seus algozes é recheada de sangue e torturas, mas que não tem o impacto que deveria.

Tecnicamente o roteiro do filme acaba deixando a desejar na parte em que a vingança passa a tomar forma, já que é quase que impossível uma mulher com aquele porte físico ser capaz de carregar homens muito mais fortes e pesados. Por um momento pode-se pensar que a garota tem ajuda de outra pessoa ou até mesmo que ela morreu e seu espírito está buscando vingança, mas a verdade é que o ódio parece ter funcionado como uma injeção de vitamina e crueldade.

Vale dizer que Doce Vingança se trata de um remake de uma produção norte-americana de 1978. Pelo trailer podemos dizer que trata-se de uma daquelas produções que provavelmente encabeçaram a lista de filmes trash que Quentin Tarantino e Robert Rodriguez homenagearam com Grindhouse. A diferença fundamental deve ser o disfarce de humor negro para apresentar um tema sério, coisa que passa totalmente longe da nova versão. Sinal de que nem sempre o terror moderno precisa ser tão sério e asqueroso para divertir. Como cinema para diversão, Doce Vingança passa longe. Agora se o interesse for se sentir incomodado, provavelmente esse será um dos filmes mais lembrados dos últimos anos.