Crítica: Um Pequeno Favor

Eu me interessei pelo filme Um Pequeno Favor assim que vi o primeiro trailer, meses atrás. Eu assisti Gossip Girl, Crepúsculo e Pitch Perfect, então ele se vendeu de cara com o elenco. O mistério apresentado naquele preview foi só a pitada final, eu provavelmente teria visto o filme independente do gênero.

Mas aí eu descobri que era inspirado num livro. Acho que a minha categoria favorita de filmes são aqueles que são inspirados em livros que eu gosto. Comecei a ler – na verdade, eu comecei a devorar – já que é um daqueles livros que te prende no começo e de deixa enlouquecido para saber qual vai ser a próxima reviravolta. Ele segue mais ou menos a mesma linha de Garota Exemplar e A Garota no Trem, por exemplo.

Por já conhecer a história, eu tive muita expectativa em relação ao filme. E eu não fui decepcionada. Sem dar spoilers: Um Pequeno Favor segue Stephanie (Anna Kendrick), uma mommy blogger cuja melhor amiga, Emily (Blake Lively), desaparece misteriosamente. Enquanto equilibra os afazeres do lar com um envolvimento cada vez mais próximo com a família de Emily, Stephanie vai narrando o andar das investigações em seu vídeo-blog.

Todos os personagens do filme beiram a caricatura e Stephanie não escapa a esta regra. Ela é a ingenuidade em pessoa; daquelas que fazem total questão de agradar todo mundo o tempo todo. A “pureza” dela, ou até infantilidade mesmo, eu diria, transparece nos maneirismos e nas roupas coloridas e despretensiosas.

É interessante ver o encontro dela com Emily, que desde a primeira cena já se mostra completamente diferente da amiga: sofisticada (esse traço também se traduz no figurino e estilização dela), complexa, talvez até um pouco perigosa, de um jeito que te deixa em estado de alerta, mas sem saber exatamente o por quê.

Com o andar das investigações sobre o desaparecimento de Emily, vamos descobrindo cada vez mais sobre as duas personagens centrais da história, o que ajuda a dar uma certa profundidade a elas, mas nunca à trama em si.

Aliás, a impressão que dá é que Um Pequeno Favor não se leva muito à sério. Apesar de tratar de um tema, a princípio, bastante sombrio, ele tem um tom leve e bem humorado do começo até o fim, chegando a parecer uma sátira dele mesmo em alguns momentos mais “absurdos”. E essa é a minha característica favorita dele: o tom que foi adotado funcionou muito bem para contar a história.

Sobre a adaptação: me parece que o que foi transportado para o filme ficou totalmente a critério dos roteiristas, sem nenhuma lealdade específica à história original. Há partes que são idênticas ao que é narrado no livro, e partes em que, fundamentalmente, foi criada outra história.

Sem entrar em muitos detalhes, por que não quero estragar a surpresa de ninguém, eu diria que tanto no livro, quanto no filme, o terceiro ato faz com que a história se perca e prejudica bastante a qualidade da obra como um todo.

Ainda assim, Um Pequeno Favor é um filme fácil de assistir, leve e divertido. Diria que, em termos de adaptação literária, algumas das decisões que foram tomadas tornam o desfecho talvez até um pouco mais satisfatório do que o do livro tinha sido.