Imagem: Paris Filmes

Crítica: Tubarão – Mar de Sangue (2022)

Tubarão, filme de Steven Spielberg lançado em 1975, inaugurou um subgênero dos filmes de terror, os filmes de tubarão. O original continua sendo o melhor e mais impactante, considerando o contexto de seu lançamento, mas nos últimos anos tivemos alguns títulos divertidos e competentes em suas propostas, como Águas Rasas (The Shallows, Jaume Collet-Serra, 2016) e Megatubarão (The Meg, Jon Turteltaub, 2018). Infelizmente, o número de  desastres é infinitamente maior e até uma franquia indigesta chamada Sharknado surgiu no meio do caminho. Tubarão – Mar de Sangue (Shark Bait), de James Nunn, chega aos cinemas nesta quinta-feira, 1 de dezembro, e encontra o seu caminho no meio-termo. Não tenta inventar a roda e fica na zona de conforto.

Assim como Sorria, Tubarão – Mar de Sangue parece ter uma lista de itens a se cumprir e tem um roteiro absurdamente previsível. Cinco jovens se despedem de suas férias de verão e, no último passeio, resolvem roubar dois jet-skis. Com uma dose alta de imprudência, eles vão parar em alto-mar com um deles machucado, uma garota que não sabe nadar e sem meios para pedir socorro. Para piorar, claro, aparece um tubarão. Como era de se esperar, o grupo de amigos passa a lutar pela sobrevivência enquanto um toma conta do outro, expondo suas fragilidades e habilidades quando levados ao limite.

Está tudo lá: uma heroína romântica que valoriza a família, o namorado mulherengo, os amigos inconsequentes que só querem diversão, a amiga sexualmente ativa e desinibida e o triângulo amoroso que não poderia ter encontrado momento pior para ser revelado. 

Só que este roteiro previsível é usado a favor do filme e não se prolonga desnecessariamente. Os 87 minutos de Tubarão – Mar de Sangue são o suficiente para contar a história sem deixar nada para trás. O clima de tensão é construído sem pressa e no tempo necessário para montar um cenário convincente para o espectador. Os mais apressados podem se sentir incomodados, mas é fato que o suspense do filme é um poderoso aliado e fator a ser considerado quando falamos de experiência cinematográfica.

A direção de James Nunn não é inovadora, mas se garante no básico. Ao invés de tentar revolucionar, ele se atém ao que já é garantido e entrega um trabalho mediano para o roteiro de Nick Saltrese, que carrega as mesmas características.

O elenco é encabeçado por Holly Earl (da série Humans), no papel de Nat, que consegue balancear a aparente fragilidade física da personagem com uma surpreendente força e capacidade de tomar decisões diante de muita pressão. Seus colegas de elenco (Jack Trueman, Catherine Hannay, Malachi Pullar-Latchman e Thomas Flynn) formam, juntos, um grupo consistente, onde cada um tem seu futuro já pré-determinado, mas todos sabemos que, mais importante do que o destino é a jornada.

Tubarão – Mar de Sangue poderia ser melhor, se não fosse algumas decisões do roteiro, incluindo um desentendimento entre o casal que não acrescenta em nada à história e dois momentos absurdos do longa, mesmo que a gente já saiba que o absurdo faça parte do segmento. Ainda assim, o filme distribuído pela Paris Filmes vale como opção para o fim de semana.