Crítica: Os Pássaros (1963)

Lançado em 1963, Os Pássaros vem depois de Psicose que foi um enorme sucesso e, portanto, com uma enorme responsabilidade de manter a fama do diretor em apresentar filmes surpreendentes e de altíssima qualidade. Sem decepcionar, Os Pássaros é tido como o ultimo longa de grande sucesso de Hitchcock. (Embora eu ache injusto pois Marnie e Frenesi são filmes muito bons!)

Para este filme, Hitchcock apostou em Tippi Hedren (mãe da atriz Mellanie Griffith, de Dublê de Corpo, e avó de Dakota Johnson, da trilogia 50 Tons de Cinza), uma atriz, até então, desconhecida; mas que se saiu muito bem no papel de Melanie. O diretor é mais uma vez inovador, ao trazer um dos primeiros filmes de ataque animal do cinema, é um filme de terror psicológico e quase sobrenatural além de sua obra com maior número de efeitos especiais.

A sinopse já é bem conhecida por todos, Melanie Daniels é um socialite que conhece o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) em uma loja de animais e se interessa por ele. Após este encontro, ela vai atrás do rapaz, em sua cidade, Bodega Bay. Entretanto, ela não sabia que iria vivenciar o assustador ataque de milhares de pássaros que se instalaram na localidade.

Podemos notar que desde Psicose, o diretor carrega uma agressividade mais acentuada, principalmente com as mulheres, entretanto, Os Pássaros pode ser visto a partir de uma perspectiva mais feminista, uma vez que a protagonista é uma mulher mais liberal, moderna e independente; ao contrário das moças habitantes de Bodega Bay que é uma cidadezinha bem conservadora, bem careta.

Ao mesmo tempo que Melanie chega à cidade, iniciam-se os ataques dos pássaros, um presságio de que ela é o ponto de desequilíbrio e essas ofensivas aparecem quando há relações conflituosas e emocionais.
A mãe de Mitch, Lydia (Jessica Tandy) assim como outras mães nas obras de Hitch, é controladora, ciumenta, dominadora e a nova namorada do filho parece não cair em suas graças, somente quando Melanie parece mais vulnerável, mais dependente é que sua sogra parece ampará-la.

A semelhança entre a revolta dos pássaros e a atitude de vanguarda de Melanie é visível quando chegamos aos últimos momentos do filme: depois de diretamente atacada e totalmente entregue a família de Mitch, o fim é apocalíptico e as aves cessam as ofensivas. Melanie está totalmente domada e não apresenta mais perigo àquela cidade. É interessante como o diretor não apresenta nenhuma explicação para os ataques e ainda assim consegue manter a atenção do telespectador.

Hitchcock apresenta um filme muito maduro do ponto de vista técnico. Edição, fotografia, direção de arte, figurino e até mesmo a ausência de trilha sonora faz de Os Pássaros uma obra ao mesmo tempo simples e complexa em seus significados.