Adaptação de livro chileno, filme é dirigido por Selton Mello.
Eu não sabia absolutamente nada sobre O Filme da Minha Vida (2017) até vê-lo no cinema. Nenhum trailer, resumo, nada; apenas o pôster. Felizmente, essa minha aventura – quase nunca faço isso – teve como resultado algo bastante positivo, pois o novo longa do diretor brasileiro é um espetáculo visual de uma bela história.
O roteiro, co-escrito por Mello, é baseado no livro “Um Pai de Cinema”, de Antonio Skármeta. Ele conta a história de Tony (Johnny Massaro aka versão nacional de Louis Garrel), filho único de um francês e uma brasileira que vai à cidade grande para estudar e, quando retorna graduado, vê o pai (Vincent Cassel) partir sem explicações.
O que Mello mais faz aqui é explorar com detalhe as expressões de cada um dos personagens da trama. Perdi a conta de quantas vezes ele usa o recurso de plano fechado nos atores. A princípio, tal estratégia incomoda um pouco, mas, à medida em que o enredo se desenrola, torna-se crucial vermos os olhares deles para compreendermos melhor quem são e as transformações pelas quais passam.
Tony é um jovem de 20 anos que ainda mostra certa ingenuidade e tem o amigo da família, Paco (Mello), como referência paterna na ausência do pai. Leva um tempo para o rapaz perceber que o grande amor que lhe falta está bem ao seu lado e que a pessoa na qual mais confia não é quem parece ser.
É uma produção que conquista pela narrativa romântica que a guia e as pitadas cômicas que ganha por meio dos alunos da escola onde o protagonista leciona. São quase duas horas de filme, mas que parecem durar metade. Envolver-se na trama não é nem um pouco difícil.
Tecnicamente, O Filme da Minha Vida é impecável. Além dos close-ups, Mello utiliza bastante da câmera lenta e de tom sépia nas imagens (o cinegrafista da produção é Walter Carvalho, da série O Rebu e Getúlio); o figurino e maquiagem não ficam muito atrás no quesito qualidade. Dentro do contexto do drama, ambientado no início da década de 1960, essas características se encaixam perfeitamente.
Em uma cena, por exemplo, vemos Tony assistir à Luna (Bruna Linzmeyer) e Petra (Bia Arantes) dançarem e ele literalmente voa diante da beleza que vê diante de si mesmo. Outro momento similar acontece com o jovem quando ele sai do cinema após ver Rio Vermelho, estrelado por John Wayne.
Outro ponto favorável do longa é a trilha sonora, que mistura canções brasileiras e francesas da época. A seleção feita por Mello ajuda a trazer o clima do período a nós.
O Filme da Minha Vida estreia no Brasil em 3 de agosto.