ILHA DO MEDO ME DÁ CALAFRIOS TODAS AS VEZES. Excelente suspense que sem pressa vai nos envolvendo numa narrativa em que nada parece ser o que imaginamos e ficamos realmente apreensivos com o que pode acontecer com nosso protagonista.
O longa-metragem marca o quarto encontro entre Leonardo DiCaprio e o diretor Martin Scorsese, e foi o único que não foi lembrado no Oscar. Uma pena, pois é um dos melhores momentos da carreira de ambos. Baseado no romance Paciente 67, de Dennis Lehanne, Ilha do Medo fala sobre o desaparecimento de uma mulher e a investigação de dois detetives nessa prisão com prisioneiros mentalmente desequilibrados.
DiCaprio vive Teddy/Andrews, um homem que ACHA que é um investigador e não tem ideia de que é cobaia de um experimento cujo objetivo é curá-lo de seus “poderosos mecanismos de defesa”. Ele é o próprio paciente 67 e está preso depois de ter matado a esposa, que havia assassinado os filhos do casal. Para fugir dessa realidade, Andrews cria uma fantasia em que precisa descobrir o que está acontecendo e o que os guardas da prisão estão escondendo.
Scorsese domina a narrativa entregando fragmentos do passado de Teddy, combinando com a tensão de uma tempestade que se aproxima e toda a tensão presente na prisão em que todos escondem a verdade. O trunfo do diretor é construir tudo aos poucos e com boas doses de mistério, enquanto deixa seu personagem praticamente sufocar diante algo além do seu controle.
Existem pistas discretas presentes no roteiro para situar o público, como os olhares entre alguns personagens em determinados momentos ou mesmo a gravata verde hilária do personagem de DiCaprio. São as sutilezas que revelam a verdade e ainda assim, quando o diretor permite ao público juntar as peças do quebra-cabeça é sempre uma experiência única – e que melhora a cada revisão.
Os minutos finais do longa-metragem nos deixam com a pulga atrás da orelha tentando entender o seu real significado. Quando Andrew diz para Chuck que “fica pensando se vale a pena viver como um monstro ou morrer como um bom homem”, ficamos com a nítida impressão que ele foi curado e está fingindo que não. O motivo seria não precisar mais encarar a verdade sobre o seu doloroso passado.
Curioso que o trabalho anterior de DiCaprio também criou uma questão que até hoje causa discussão entre os fãs: afinal, o peão parou de rodar ou não em A Origem?
Recomendo Ilha do Medo para qualquer pessoa que aprecie suspense e histórias com reviravoltas inesperadas. O escritor Dennis Lehane criou uma história incrível e que foi extremamente bem aproveitada pela genialidade de Martin Scorsese, que dentre os muitos elogios recebidos, chegou a ter sua adaptação considerada como o seu próprio O Iluminado, pelo crítico Pablo Villaça.
Não sei se você concorda, mas esse tipo de comparação seria mais que o suficiente para que eu procurasse esse filme – caso ainda não tivesse visto. Se for o seu caso, o que está esperando?
Veja a crítica de Ilha do Medo no projeto 365 filmes em um ano no nosso canal no YouTube: