Corpos Celestes

Você poderia testar o empenho dos bilheteiros do cinema no seu trabalho perguntando o que eles acharam de Corpos Celestes. Perguntei a 6 funcionários do cinema e metade o achou chato e nenhum deles entendeu o final. O que é uma pena. Mesmo assim, entrei na sala decido a ser o único a entender o drama solitário que o personagem de Dalton Vigh vive.

Rico em detalhes e efeitos visuais, Corpos Celestes surpreende o espectador por ter um roteiro um tanto improvável e uma fotografia impressionante. Gruas dentro de uma casa, aviões decolando sob um fim de tarde lindo num vazio entre as montanhas… tudo acontece ao som de uma trilha sonora arrebatadora, dirigido por Ruriá Duprat (sobrinho do inigualável Rogério Duprat) que com maestria conseguiu juntar música clássica com o caipira e outros toques a mais.

Os efeitos especiais foram tão bem investidos e reproduzidos que parece que faltou para a divulgação – quase nula, ou você já havia ouvido falar do filme? O roteiro é bem escrito sobre a trama do principal, mas vazio e pouco conclusivo sobre qualquer outro personagem do filme, o que talvez tenha influenciado no curto tempo de duração da película e do final em uma hora inesperada, quando a trama parecia estar crescendo. Nem sempre é bom deixar um gostinho de ‘quero mais’.

Além disso, alguns erros de edição básicos aparecem ao decorrer do filme, mas longe de atrapalhar a trama ou mais uma atuação magistral de Dalton Vigh. Dalton vive um astrônomo solitário que passa a lutar contra suas próprias convicções, influenciado pela sua estranha namorada de vários nomes.

Engraçado o logo “Corpos Celestes” só aparecer com quarenta minutos de filme, separando a trama em duas partes: a infância e o reflexo em seu presente. Tudo isso carregado com uma beleza e conhecimento astronômico e filosófico não muito aprofundado, mas inspirador, fazendo do filme um exemplo do crescente cinema cult brasileiro.

4 caipirinhas!