A MINHA GERAÇÃO (LEIA-SE “OS NASCIDOS ENTRE 1980 ATÉ 1990”) ACOMPANHOU A FRANQUIA AMERICAN PIE NO CINEMA. Desde a ebulição dos hormônios adolescentes no filme original de 1999, passando pelo contra-ataque do tesão no segundo filme (2001) e chegando ao auto-controle/amadurecimento no terceiro exemplar (2003). Parecia que seria o fim das aventuras de Jim e cia nos cinemas, mas em tempos onde as continuações tendem a ser muito mais atraentes que o material autoral, não demorou muito para algum executivo ter a brilhante ideia de recuperar a série.
Felizmente American Pie: O Reencontro, de Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg, não decepciona e consegue funcionar tanto quanto uma sequência digna da trilogia quanto uma comédia divertida e que consegue cumprir seu papel de arrancar risadas do público. Evidente que não se pode esperar muita maturidade do roteiro (e das piadas), mas se tratando de American Pie todo mundo já deve estar preparado para lidar com um senso de humor pervertido e grosseiro. Talvez o problema seja o fato de que boa parte do arsenal criado pelo roteiro depender do conhecimento do passado daquele grupo de amigos. Os navegantes de primeira viagem irão se divertir, mas a verdade é que American Pie é um grande reencontro produzido especialmente para os fãs da franquia.
No quarto exemplar da série (ignore todos os outros quatro filmes produzidos diretos para DVD), Jim (Jason Biggs) e Michelle (Alyson Hannigan) estão casados e com uma criança para criar. A paixão já não é mais aquela coisa da época de escola e eles começam a viver uma grande crise. Ao mesmo tempo, começam os preparativos para o grande reencontro de todos os amigos que formaram juntos e o casal decide que será uma bela oportunidade de tentar recuperar a sintonia.
Logo na introdução ficam escancaradas as referências aos grandes momentos dos três filmes anteriores, inclusive com a presença de uma meia, do velho medo (adolescente) de ser pego no flagra, um vídeo erótico, e claro, uma grande cadeia de desventuras que sempre resulta na maior palhaçada. Seria um grande equívoco se esperar grandes atuações de qualquer episódio de American Pie e as tentativas de desenvolver os dramas pessoais dos personagens são risíveis e causam até certo embaraço no público, principalmente na trama paralela com Kevin (Thomas Ian Nicholas) e Vicky (Tara Reid), mas o pai do Jim (Eugene Levy) mesmo espremendo o caldo do caroço do limão que preenche a nossa caipirinha de todo dia, é o responsável por boa parte das melhores gargalhadas de American Pie: O Reencontro. Stifler (Seann William Scott) não tem muita dificuldade para roubar a cena e consegue tirar a sorte grande na melhor piada da produção.
Claramente influenciado por clássicos adolescentes dos anos 80, como Porkys e Picardias Estudantis, a franquia American Pie não tem medo de ser feliz e graças ao carisma de seus personagens e suas respectivas particularidades (todo mundo conheceu alguém na escola que tivesse ao menos uma característica semelhante com a turma de Jim) conquistou uma verdadeira legião de fãs, que não irá sair do cinema decepcionado ou sem ter a garantia de uma bela diversão. Os homens terão vários momentos de alegria, já que o que não falta em American Pie são modelos com corpos fabricados sob encomenda para uma daquelas doses afrodisíacas de tequila.
Nota: