JÁ FAZ ALGUM TEMPO DESDE QUE HALLE BERRY DEIXOU DE SER UM BOM MOTIVO PARA SE ASSISTIR A ALGUM FILME. Exceto por A Viagem, seus trabalhos mais recentes são capazes de dar pesadelo até mesmo no cinéfilo mais audacioso. Levando tudo isso em consideração, é preciso confessar que precisei vencer uma forte (e justa) resistência inicial e encarei o thriller Chamada de Emergência, de Brad Anderson (O Operário), carinhosamente batizado de 911 da Halle Berry.
Conversando com o amigo Eduardo Monteiro, do blog Cinema Sem Erros, ele lembrou que Berry está numa fase de estrelar filmes sobre traumas. Talvez seja uma maneira dela gritar para o público que sente muito ter aceitado participar de Mulher-Gato. Em Maré Negra, ela presencia um acidente e precisa abandonar sua função principal para se dedicar a outra área do trabalho. Em Chamada de Emergência é a mesma coisa: Berry vive uma operadora do 911 e depois de um dia ruim, decide que precisa assumir um papel menos estressante. Mas a vida não perdoa ninguém, especialmente quem vence um Oscar e depois resolve fazer “miau” por aí, e ambas personagens são obrigadas a lidar com seus medos e vencer os traumas.
Jordan (Berry) está apresentando o centro de ligações da polícia para um grupo de estudantes e de repente é obrigada a atender a ligação de Casey (Abigail Breslin), vítima de um sequestro e presa dentro do porta-malas do carro. O filme gira em torno da ligação das duas mulheres e das tentativas de Casey ajudar na localização do veículo em que está. A premissa chega a lembrar um pouco Celular, aquele filme com Kim Basinger, Chris Evans e Jessica Biel.
Admito que boa parte do longa-metragem possui uma qualidade inesperada. O thriller é conduzido de uma maneira eficiente pelo diretor e consegue deixar o espectador ansioso em muitas cenas. Porém, o roteiro vai escorregando aos poucos até capotar e dar perda total, infelizmente. Cheguei a engasgar em alguns momentos (quem diabos diz que seu filme favorito é Missão: Madrinha de Casamento?; eu realmente ouvi “Kharma Chameleon” no filme?; A personagem de Breslin só demonstra ser capricorniana no final; entre outras), mas só desisti de vez durante a conclusão completamente apelativa, deus ex machina, sacada, babaca etc.
Geralmente não me sinto incomodado com filmes com problemas morais. Na verdade, eu fico é muito chateado quando as pessoas são bondosas e conseguem perdoar qualquer pessoa independente do crime. No entanto, as duas mulheres de Chamada de Emergência tomam uma atitude estranha e destoante de tudo que apresentaram até então. Ok, todo mundo gosta de uma boa vingança, mas a impressão é que trocaram o roteirista enquanto o filme era filmado e decidiram chutar o pau da barraca com todo mundo dentro.
Para quem não se preocupa com o mínimo de bom senso ou coesão, 911 da Halle Berry poderá arrancar boas emoções do público fã de suspense. Imagino que pessoas mais eufóricas irão aplaudir a bica que Breslin dá no meio da fuça de seu algoz. No entanto, para quem está mais calejado e costuma procurar histórias bem elaboradas, que eu espero que seja o seu caso, fuja. Ligue para o 190 e denuncie.
Nota:[duas]