Bravura Indômita

Por enquanto é raro ver um filme de faroeste nas páginas do Cinema de Buteco. Enquanto não começamos a corrigir essa falha (e acreditem, em 2011 nós pretendemos publicar sobre a maioria dos filmes essenciais do cinema), nada mais interessante que começar a jornada western com um longa-metragem que conta com produção de Steven Spielberg e a direção sempre primorosa dos irmãos Coen. Bravura Indômita é um remake de uma obra lançada em 1969 e estrelada por John Wayne (que inclusive ganhou um Oscar de melhor ator por sua atuação).

Trabalhando com os irmãos Coen pela segunda vez na carreira e ainda colhendo os frutos pelo prêmio de melhor ator do Oscar 2010 pelo filme Coração Louco, o veterano ator Jeff Bridges dá mais um show de interpretação. Rooster Cogburn é um homem da lei caolho que não resistiria aos convites do Cinema de Buteco para sentar numa mesa de bar e encher a cara. Beberrão desenfreado, Cogburn é procurado pela adolescente Mattie (a jovem Hailee Steinfeld) para encontrar e matar Tom Chaney (Josh Brolin) e vingar a morte do pai.

Inevitável comentar a atuação brilhante de Bridges. Com o seu inglês enrolado (e que deixa muita gente em dúvida sobre o que ele está dizendo) e comportamento viril, Rooster Cogburn é desde já um dos grandes personagens do cinema de 2011. Durão e intimidante (como encarar um sujeito caolho que pode atirar em você?), ele se vê incapaz de negar ajuda para a adolescente orfã. Aliás, o personagem La Boeuf (Matt Damon) chega rir de Rooster ao dizer que ele está sendo manipulado por uma menininha de 14 anos. Seria manipulação da menina com a lingua solta e um gênio forte ou seria apenas o coração mole escondido dentro da carcaça sofrida? Todos os outros atores conseguem convencer em seus papéis, mas apenas a jovem consegue disputar um pouco da atenção do espectador com Bridges, que infelizmente acabou de fora da disputa do Globo de Ouro de melhor ator.

Nos minutos finais, os irmãos Coen fazem a sua homenagem ao cinema com uma sequência que evoca diretamente os faroestes clássicos. Rooster e Mattie cavalgam, quase que em camera lenta, com o foco em seus rostos e a paisagem montada ao fundo. Um show de imagem que para os desentendidos, pode ser “tosco”, mas que enche os olhos dos fãs do cinema em geral, especialmente do gênero faroeste.

São 3/5 caipirinhas!