Crítica: Besouro Azul

Dirigido, roteirizado e estrelado por latinos, chega aos cinemas o novo filme do Universo da DC. Em Besouro Azul conhecemos Jaime Reyes (Xolo Maridueña), que tem um encontro inesperado com uma relíquia alienígena conhecida como Escaravelho, que escolhe o jovem como seu hospedeiro. Assim, Jaime passa a ser perseguido por poderosos que tem interesse nos poderes do Escaravelho.

Besouro Azul é lançado em um momento de extrema saturação do gênero e após lançamentos questionáveis da DC no cinema nos últimos anos. Mais do que isso, após uma grande leva de filmes de super-heróis, com poucos realmente cativantes, gerando desânimo até nos mais ferrenhos fãs dos personagens dos quadrinhos. Sua maior aposta é no background latino dos personagens principais.

Em termos de roteiro, não há tanta novidade. Fórmulas já vistas muitas vezes são repetidas, como naquelas comédias românticas que podemos tanto gostar, mas sentimos que já vimos algo parecido antes. Tudo é feito de forma correta, mas sem grandes novidades. Os vilões também não se destacam, com exceção da boa – ainda que mal explorada – história de origem de Carapax (Raoul Max Trujillo). O brilho, sem dúvida, fica no que permeia o roteiro: a origem dos personagens e o carisma dos atores, além da excelente trilha sonora.

Cada segundo acompanhando a família Reyes coloca um sorriso no nosso rosto. A cultura latina faz toda a diferença no filme, principalmente o foco na realidade das famílias de imigrantes latinos nos Estados Unidos. Isso traz identificação (para o público latino), comédia e até boas reflexões sobre as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, mesmo que não tão aprofundadas. É revigorante também a abundante presença de diálogos em espanhol no filme e a mensagem emocionante sobre a importância da família.

Mas o grande acerto da produção se deu na escalação de seus protagonistas: Xolo Maridueña e Bruna Marquezine tem carisma, química, são identificáveis e vão muito bem desde o drama até a comédia, passando pelas cenas de ação. Uma grande surpresa positiva é o espaço da personagem de Marquezine, Jenny Kord, que não é apenas uma coadjuvante, mas quase uma co-protagonista, tendo um arco essencial para a história e muito espaço e tempo de tela. No seu primeiro trabalho em Hollywood, Bruna surpreende com sua melhor atuação até então. Xolo está à vontade no papel e tem ótima química com todos do elenco, inclusive com o Escaravelho – é excelente em todas as interações com a “voz na sua cabeça” – interpretada pela cantora Becky G, diga-se de passagem.

Com duas cenas pós créditos (a primeira importante e a segunda totalmente dispensável), Besouro Azul é uma diversão no estilo “Sessão da Tarde”, para toda a família e com personagens cativantes. Infelizmente, chega num momento de saturação do gênero, mas como filme individual vale a pena e pode abrir espaço para cada vez mais representatividade latina no cinema.