OKJA - FILMES QUE DEFINEM 2017

Crítica: OKJA (2017)

O novo filme do sul-coreano Bong Joon Ho (Expresso do Amanhã) chegou direto na Netflix cercado de polêmica envolvendo assuntos relacionados ao futuro do cinema e a era digital, mas tente esquecer isso, porque o filme vai bem além.

OKJA é uma espécie de super porco, criado livremente na Coréia do Sul por um fazendeiro e sua neta Mija, mas que foi descoberta pela empresa multinacional de abate animal liderada por Lucy Mirando (Tilda Swinton), e que possui planos duvidosos para o simpático animal.

O elenco, cheio de nomes conhecidos de Hollywood como Jake Gyllenhaal e Paul Dano, estão super entrosados dentro desse universo criado por Bong Joon Ho, mas quem rouba a cena mesmo e é o coração do filme é a jovem atriz Ahn Seo-Hyun, que faz de Mija uma formidável heroína.

O diretor mistura inúmeras referências, que vão de Spielberg a Miyazaki, e consegue casar bem vários estilos em um só, o filme pode ser considerado uma ação com sequências muito bem orquestradas de tirar o folego, uma aventura, um drama e até mesmo momentos de terror (uma sequência específica que faz clara alusão aos campos de concentração). A trilha também reflete essa mistura, indo de The Mamas and the Papas ao Tango.

O início estabelece a dinâmica entre Mija e OKJA, criado por ela como um membro da família, e isso é fundamental para entendermos a relação dos dois e enxergarmos em OKJA um ser semelhante, que possui sentimentos, entre eles dor e amor. E a ideia de criar um animal inexistente é muito importante, pois caso retratasse qualquer outro animal, o ativismo que o longa representa poderia ser resumido a uma preferência por uma determinada espécie, quando na verdade a ideia é simbolizar esse massacre cruel que vivenciamos e muitas vezes preferimos optar por não enxergar

OKJA emociona e é um espetáculo para os olhos, que só por isso já vale muito a pena, mas vai além, nos faz pensar em questões importantes para a vida, e essa é uma das grandes lições do cinema.