Luca Guadagnino é um diretor, roteirista e produtor italiano com uma diversificada filmografia incluindo o aclamado Me Chame Pelo Seu Nome (2017), o remake de Suspiria (2018) e o drama Um Mergulho No Passado (2015). Em 2022, Guadagnino foi o vencedor do Leão de Prata do 79º Festival de Veneza por “Até Os Ossos”, seu mais recente filme com estreia nos cinemas brasileiros em 1º de dezembro.
Até Os Ossos narra a busca da jovem de 18 anos Maren Yearly, vivida pela atriz canadense Taylor Russell (Escape Room, 2019), em sua busca para entender seu canibalismo impulsivo, sua verdadeira história e encontrar a sua mãe. Durante essa caminhada, seu caminho se cruza com o de Lee (Timothée Chalamet de Adoráveis Mulheres, 2019), e os dois seguem juntos por uma viagem pelas estradas dos Estados Unidos.
Dessa maneira, os dois jovens atores, Taylor Russell e Timothée Chalamet, formam uma dupla incrível que nos oferece excelentes performances. Quem conhece o trabalho de Chalamet sabe do magnetismo e charme tão característicos de sua personalidade e aqui, ele transcende em uma figura complexa, solitária e cheia de camadas. Ouso dizer que é o seu melhor trabalho nos cinemas, e isso significa muito, porque o ator é um dos melhores de sua geração.
Além disso, umas das habilidades do diretor, que é admirável nessa produção, é a capacidade de misturar tantos gêneros em um único filme trazendo o melhor de cada um deles. Os elementos de romance te emocionam, os ambientes e caminhos que os personagens passam pelo road movie são maravilhosos e, quando o filme adentra o terror e a violência canibal, ele é aterrorizante.
Por falar nisso, Mark Rylance (O Alfaiate, 2022) está em um nível Anthony Hopkins em O Silêncio dos Inocentes (1991) de assustador. Sua participação no filme é pequena, ele não possui muitas cenas, mas são suficientes para marcar a trajetória da protagonista e criar uma atmosfera apavorante em sua passagem. Sem dúvidas, ele merece uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2023.
Até Os Ossos também é muito imersivo, em virtude de sua trilha sonora original formidavelmente criada por Trent Reznor e Atticus Ross. Foi baseado no livro homônimo de Camille DeAngelis e, definitivamente, carimba o diretor Luca Guadagnino como um mestre dos dramas de amadurecimento. Para alguns pode parecer chocante uma história de amor envolvendo canibalismo, mas a experiência cinematográfica de Até Os Ossos é, com o perdão do trocadilho, ótima de se digerir.
