ATUALMENTE, está mais difícil falar sobre novos “filmes de vampiros” porque diversas visões podem surgir e muitos ficam com o pé atrás porque esses seres noturnos já não são tratados como eram até a década de 1990. Porém, o diretor Jim Jarmusch, de Sobre café e cigarros, conseguiu encontrar o ponto certo para retratar um casal que tem séculos de cumplicidade e que sofre com a modernidade e com tudo o que consideram desnecessário.
Tom Hiddleston (mais conhecido como Loki, de Os Vingadores) é Adam, um músico talentoso que despreza a modernidade e preserva sua obra. Sua companheira, Eve (Tilda Swinton, de Precisamos falar sobre o Kevin) é seu ponto de equilíbrio, quem o mantém ativo e faz com que a sua esperança em manter-se vivo na atual sociedade continue firme.
Diante de tudo isso, esqueça os vampiros sedentos por sangue, que saem para caçar humanos e se sentem orgulhosos disso. Eve e Adam fazem parte de um quadro vulnerável às doenças que os humanos podem carregar e transmitir através do sangue. Para não chamar a atenção e ter acesso a sangue “bom”, eles contam com sua discrição e com os (poucos) bons amigos. Mas tudo isso pode ser afetado após receberem a visita da irmã caçula de Eve, Ava (Mia Wasikowska, de Inquietos), que gosta de viver cada noite como se fosse a última. A inconsequência da garota pode afetar gravemente o modo de vida do casal principal.
O tom sombrio e melancólico do filme pode atrair até mesmo os fãs de títulos mais tradicionais, como Fome de Viver, e o improvável casal do filme (quem teria imaginado Tilda Swinton e Tom Hiddleston juntos?) é o maior presente que jamais poderíamos imaginar, mas o novo trabalho de Jarmusch se prolonga mais do que o necessário para situar os personagens e somente na metade as coisas começam, de fato, a acontecer.
Os 123 minutos de Amantes Eternos poderiam ser 90, mas depois que acontece a “virada” na história, podemos perceber que o casal de vampiros é capaz de despertar em nós uma série de emoções. O casal retratado é do tipo que muitos poderiam querer como amigos, são pessoas que apreciam as artes, inteligentes, e leais (na medida do possível). Entretanto, a busca pela sobrevivência pode exigir muito.