AMANHECER VIOLENTO É UM REMAKE DE UMA PRODUÇÃO HOMÔNIMA DE 1984. Patrick Swayze (Ghost, O Fantasminha Camarada – ops!) foi o protagonista da primeira versão, a qual eu não tive a oportunidade de assistir. Na verdade, até tive, mas está para nascer quem irá me convencer a parar e ver o falecido Swayze bancando um jovem adulto destemido capaz de treinar um grupo de adolescentes feiosos e transforma-los em verdadeiros soldados. Ainda mais depois de conferir essa refilmagem medonha e extremamente mongol.
De qualquer maneira, esta é a trama da nova versão. A antiga União Soviética é substituída pela Coreia do Norte como os “bad guys” da vez. Jed (Chris Hemsworth) é um soldado que acorda num belo dia com estranhos barulhos de explosões pela cidade. Acompanhado de seu irmão Matt (Josh Peck, do igualmente horroroso Armadilha), eles veem o céu tomado por paraquedistas invasores e ataques de aviões de guerra. Aterrorizados, os irmãos escapam e se unem a outros jovens fugitivos, que logo se tornarão a esperança dos sobreviventes para acabarem com os invasores coreanos e restaurarem a paz. E a doce ilusão de soberania norte-americana.
Depois de apresentar Amanhecer Violento, e imaginar as expressões de WTF no seu rosto, terei que pedir para você se esforçar um pouco para colocar a chamada suspensão da descrença em prática. Nós já sabemos que se trata de uma ficção que não tem a obrigação de corresponder à realidade. Logo, da mesma maneira que assistimos aos filmes do Batman dirigidos pelo Christopher Nolan e acreditamos naquele herói, vamos nos esforçar (muito) para aceitar o fato de um grupo de adolescentes espinhentos tenha a capacidade de resistir a uma grande ocupação militar inimiga. Difícil? Calma, você ainda precisa resistir e adicionar mais detalhes: ignore como é que uma invasão aérea passou por todas as defesas do país; não importa se a cidade está sitiada, nossos heróis aprenderam com O Cavaleiro das Trevas Ressurge que é possível entrar e sair de qualquer lugar sem serem pegos. Conseguiu? Então, agora, se você for um espectador calejado, talvez possa ser capaz de se permitir (tentar) apreciar Amanhecer Violento.
O primeiro erro do diretor Dan Bradley ocorre na cena em que Hemsworth e Peck olham para o céu. Meu, será que o cineasta nunca viu nenhum filme do Steven Spielberg para saber como é que se impressiona o espectador? O conceito é forte, imagina você acordar e se deparar com o céu tomado por paraquedistas from hell? A cena fracassa miseravelmente. Além da ausência de uma trilha sonora capaz de retratar com eficiência a grandiosidade do momento, ainda faltou inteligência para usar outro ângulo e apresentar para o espectador a dimensão do ataque. E eu não vou nem me perguntar de onde é que vieram tantos carros. (Super suspensão das descrença: ativar!)
Existem diálogos vergonhosos e extremamente clichês (você consegue antecipar exatamente o que irá acontecer com o pai dos personagens principais), mas a situação chega ao nível de fazer uma piada completamente desnecessária, infantil e estúpida. Não basta Amanhecer Violento ser um violento chute no saco: ele ainda precisa fazer “piada de peido”, parafraseando o amigo Harald Stricker, do site Os Cinéfilos. Jed e Matt se divertem fazendo o amigo bobinho tomar sangue de um bambi, dizendo que aquilo fazia parte da tradição de tirar a vida de um animal. Os leitores do Cinema de Buteco que acompanham os meus textos sabem que eu gosto de coisas estúpidas, mas essa foi de doer até para os meus padrões.
Só para finalizar, existe uma obra chamada Anoitecer Violento. Digo que não tem absolutamente nada a ver com Amanhecer Violento, exceto pela semelhança dos nomes. Estou citando o filme, que é de vampiros, diga-se de passagem, apenas como título de curiosidade e evitar confusões: Anoitecer Violento é o bom; Amanhecer Violento é o esquecível!
Nota:[uma]