Crítica: Aliens – O Resgate


O SEGUNDO FILME DA FRANQUIA ALIEN FOI LANÇADO EM 1986 E FOI APENAS O TERCEIRO LONGA-METRAGEM DIRIGIDO POR JAMES CAMERON. O cineasta ainda lançaria O Segredo do Abismo, em 1989, e O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final, de 1991, títulos que o consagrariam como um dos grandes nomes do cinema e que certamente serviram de inspiração para muitos dos elementos inseridos em Avatar, que teve um sucesso avassalador e é considerado como um dos principais filmes a utilizarem a tecnologia 3D com inteligência.

A sequência de Alien, O Oitavo Passageiro, de Ridley Scott, também pode ser visto como um filme sobre a força da maternidade, ainda que tal interpretação seja possível apenas através de uma visão mais psicológica dos detalhes implícitos no roteiro, que oferece ao público uma experiência única se tratando de produções de ação. Aliás, envolver o público através de um humor bobo (mas sutil), se aproveitar de pequenos clichês para fazer a trama fluir, e criar cenas de ação realmente empolgantes faz parte da assinatura de Cameron, que consegue aproveitar pontos do filme original e ao mesmo tempo se afasta completamente da atmosfera de suspense e ficção científica que dominaram o filme de Scott.

Cameron não economiza nas homenagens e não se limita à franquia: como assistir ao garotinho brincando nas instalações da Companhia e não lembrar de Danny Torrence brincando em um velotrol dentro do hotel assombrado de O Iluminado, de Stanley Kubrick? Mas é claro que as repetições envolvem mais o conceito de O Oitavo Passageiro, como o sonho de Ripley (Sigourney Weaver) que remete diretamente ao momento em que um alien explode o peito de Kane (John Hurt) e mesmo uma visão mais elaborada dos pegajosos seres conhecidos como Facehuggers. Até mesmo a trilha sonora original de Jerry Goldsmith é revisitada por James Horner no momento em que os fuzileiros encontram todas as vítimas dos aliens. Detalhes sutis que transformam Aliens em um filme tão bom ou melhor que aquele que Scott levou para as telas em 1979.

Mais de 50 anos separam os eventos de O Oitavo Passageiro de sua continuação. Ripley é encontrada acidentalmente por uma expedição e logo é levada para prestar depoimento para os empresários que cuidam dos interesses da Companhia. Então ela descobre que o planeta apresentado no filme anterior foi colonizado e que já faz um tempo desde as comunicações foram cortadas. Ripley é levada como parte de um grupo de fuzileiros para uma missão de resgate e lá descobrem que toda a população foi atacada pelos perigosos Xenomorfos, nome das criaturas que atormentaram Ripley no passado. A única sobrevivente é uma pequena garotinha, que acaba se juntando ao grupo enquanto eles tentam encontrar uma maneira de escapar do planeta.


Com cenas de ação eletrizantes e a introdução dos vilões apenas na metade do filme, algo que é digno de aplausos e que mostra a inteligência e qualidade do roteiro criado por Cameron e sua equipe. Geralmente os filmes do gênero ignoram as lições aprendidas com o “acidente que deu certo” de Tubarão, de Steven Spielberg, e insistem em partir para o caminho mais fácil de agradar ao público com alguma aparição rápida do “vilão” no primeiro ato. Cameron foi eficiente ao jogar detalhes sobre a vida de Ripley e a revelação de que a sua filha já havia falecido. Ela lamenta que havia “prometido voltar para o aniversário de 11 anos dela”. Sutilmente, ele já cria a estrutura para desenvolver a relação materna da personagem com a pequena Newt e também mostrar a relação da Rainha Alien cabeçuda com as suas próprias crias.

Como não podia deixar de ser, o filme repete a fórmula de O Oitavo Passageiro e acrescenta um confronto direto entre Ripley e algum Alien, representado pela Rainha, que claramente está em busca de vingança para ferir a personagem da mesma forma como foi ferida, mostrando que o instinto materno supera qualquer gênero de raça, espécie ou lugar. O roteiro deixa todos os detalhes para um espectador mais atento absorver e refletir, mas sem deixar de lado as incríveis cenas de ação, que apesar de serem escuras (não tanto quanto no filme de Scott) são capazes de transmitir com clareza as ações dos personagens. Ao lado de O Exterminador do Futuro 2, talvez este seja um dos melhores exemplares da vitoriosa carreira de Cameron.

Nota: