Predadores foi um dos filmes mais aguardados pelos fãs de ficção-científica no ano passado. Tanto pela expetativa de ver o Predador em ação mais uma vez quanto pela participação de Robert Rodriguez na produção do longa. O resultado foi uma grande homenagem ao filme original estrelado por Arnold Schwarzenegger no final da década de 80. Aliás, a primeira versão do roteiro foi concebida como um remake, mas felizmente isso mudou e temos uma história totalmente nova. Bem, não totalmente, já que muito do que aparece na tela é o mesmo que Schwarzenegger enfrentou antes.
Dessa vez a história se passa num planeta desconhecido e já começa com o personagem de Adrien Brody caindo dos céus direto para um matagal. Os fãs de Lost devem ter ficado contentes com a referência indireta, mas devem ter ficado mais felizes ainda por não descobrirem em momento algum como os vários (e estereotipados) personagens surgiram no planeta. Descobrimos que todos são mercenários, assassinos, soldados ou guerrilheiros, por isso foram “escolhidos” para serem caçados em um local diferente. O personagem de Danny Trejo resume bem a situação em uma de suas poucas falas: “Estamos no inferno”.
Como não podia ser diferente de um filme da série Predador, é em Royce (Brody) que reside toda a truculência necessária para liderar o grupo de escolhidos e sobreviver no planeta. Royce é o machão independente e caladão, que acaba atraindo os olhares da igualmente independente, Isabelle (Alice Braga). Adrien Brody está excelente como o personagem. Mesmo que o roteiro não seja lá muito inteligente (o título do filme é explicado durante uma conversa entre Isabelle e Royce, onde ambos consideram os humanos como predadores cruéis), o ator consegue encontrar uma brecha para mostrar sua capacidade de viver um tipo canastrão e caricato. Bem ao contrário dos seus personagens em King Kong ou no premiado O Pianista. Já o veterano Laurence Fishburne interpreta um sobrevivente maluco e que desenvolveu uma condição esquizofrênica interessante, mas que é totalmente inadequada e mal-feita.
A ausência de criatividade na criação dos personagens é compensada na trilha sonora (sempre com aqueles sons tribais que grudam na cabeça e são responsáveis pelo único grau de suspense do filme) e pelo excelente trabalho de efeitos especiais. Ainda que tenham inventado um cachorro de estimação para os Predadores, a sacada de colocar duas raças diferentes de Predadores brigando entre si foi muito divertida. Por um lado temos os menores, mais modernos e violentos. Do outro, temos o Predador clássico. Em comum, as duas raças só tem a beleza exótica por baixo de suas máscaras de guerra.
Predadores pode até não ser melhor que o filme de 1987 ou da continuação estrelada por Danny Glover, mas está anos luz na frente dos horrorosos crossovers com a franquia Alien. Mesmo que o diretor Nimród Antal tenha pecado um pouco na construção de um clima capaz de angustiar e instigar o espectador, Predadores garante a diversão daqueles que são fãs de ficção-científica ou apenas querem conhecer um pouco mais dos tão falados Predadores.