Eu Sou o Número 4

D.J. Caruso gosta de Kings of Leon. Longe de ser um diretor competente, pelo menos o responsável por Paranóia demonstra ter um pouco de bom gosto musical na escolha das músicas de seus filmes. Logo no começo da adaptação do livro de Eu Sou o Número 4, a faixa “Radioactive” embala uma sequência onde os personagens se divertem numa tarde ensolarada. Não seria um crime dizer que este é o melhor momento do filme…

Estrelado por Alex Pettyfer (galã favorito da amiga Selhe Moreira) e com a participação de Timothy Olyphant, a adaptação começou a ser filmada antes mesmo do livro ser finalizado. Em tempos atuais, quando Harry Potter se despede dos cinemas e O Hobbit parece ser o último suspiro de adaptações de qualidade, os estúdios buscam novas fontes de renda na literatura adolescente e Eu Sou o Número 4 tinha todos os pré-requisitos para agradar ao público jovem. O diretor Michael Bay estava cotado para a direção, mas um conflito na agenda (leia-se Transformers 3) o impediu de ter mais um “assassinato” no seu vasto currículo de serial killer do cinema. Não que isso tenha significado muita coisa, pois o resultado final de Eu Sou o Número 4 é decepcionante, mas pelo menos o espectador não corre o risco de ficar tonto com os cortes frenéticos a cada 4 segundos e as inúmeras explosões de Michael Bay.

O roteiro PARECE ser original e divertido, mas a história do alien sobrevivente que precisa lutar contra os perigosos (cabeçudos e horrorosos) mogadorianos para salvar o planeta, não convence. Dos efeitos especiais aos clichês do roteiro (bullying até quando? se apaixonar pela bonitona da escola? brigar com os valentões?) até a atuação fraca dos atores, nada corresponde às expectativas. Olyphant tenta ser o mestre e “pai” de Pettyfer, mas o personagem é tão “perigoso” que ele acaba se perdendo e criando o encontro distorcido do mestre Yoda com o senhor Myagi de Karate Kid. Mas seria esperar demais boas atuações em um filme feito para o público adolescente dos anos 2000, quando a maioria aguarda ansiosamente pelos lançamentos da franquia Crepúsculo.

Eu Sou o Número 4 pelo menos tem uma estrutura de princípio, meio e fim. Mesmo que não ganhe uma sequência (o final deixa claro que existe um prosseguimento nas aventuras dos personagens), as pontas soltas do roteiro são aceitáveis e deixam abertas as possibilidades de uma continuação ou não. Contando que tenha Kings of Leon na trilha sonora de novo, podemos até esperar com os ouvidos cheios de ansiedade…