Anjos da Noite: O Despertar


TENHO A CURIOSIDADE DE SABER DO LEITOR DO CINEMA DE BUTECO, se ele considera a franquia Anjos da Noite como um guilty pleasure (considerando que o conceito do termo seja uma produção ruim e que nós gostamos ou que seja algo que cause certa vergonha em admitir que é adorado). Particularmente, gostei muito do primeiro filme; me diverti com o segundo; e detestei o terceiro. Em Anjos da Noite: O Despertar tive uma sensação de que os produtores tentaram usar o que havia de melhor nos dois primeiros filmes e deixaram de lado a baboseira completa do terceiro. Seguindo a lógica, poderia ser um filme bom, mas não é bem assim.

A produção tem seu ponto de interesse por ser um dos primeiros filmes a utilizar as avançadas câmeras RED para filmar em 3D, que  também foram utilizadas no aguardado Prometheus, de Ridley Scott. Realmente, é verdade que os efeitos especiais de Anjos da Noite 4 são interessantes, ainda que abusem de um desnecessário – e ultrapassado – efeito slow motion para algumas cenas de ação, mas além do aumento da bilheteria final, nada mais justifica o uso do 3D no filme dos diretores Måns Mårlind e Björn Stein. A sorte é que o longa-metragem é estrelado por Kate Beckinsale, que logo nas primeiras cenas já aparece nua (em uma referência clara ao personagem de Milla Jovovich em Resident Evil: O Hóspede Maldito) e mostrando que Selene não está para brincadeiras.

Anjos da Noite 4: O Despertar se passa anos depois dos eventos apresentados no segundo filme da franquia (lembrando que o terceiro é uma pré-sequência) e não tem a presença do ator Scott Speedman, que interpretou o “herói” Michael nos dois filmes originais. O mundo tomou conhecimento da existência de uma guerra underground entre vampiros dentuços e transparentes contra lobisomens pulguentos e peludos, e os humanos se uniram para acabarem com o máximo de criaturas possíveis. Selene (Beckinsale) acorda e descobre o quanto o mundo está diferente, mas então logo percebe que certas coisas continuam da mesma maneira e precisa lidar com novas ameaças.

O filme deixa a peteca cair já na introdução, quando Selene faz uma narração desnecessária para situar o espectador de tudo que havia acontecido nos filmes anteriores. A impressão que fica é que os produtores resolveram transformar Anjos da Noite 4 em um mero episódio de um seriado com um orçamento de cinema. A própria duração do filme (pouco mais de 1h15) deixa no ar aquele clima de série, especialmente em tempos que as produções televisivas andam tão boas quanto as que chegam aos cinemas. Outro momento embaraçoso acontece quando Selene desliza de joelhos matando vários soldados. Os cinéfilos de plantão devem se lembrar que em 1985, Michael J. Fox fez a mesma coisa com sua guitarra em De Volta Para o Futuro. A diferença é que ninguém saiu morto (surdo talvez) e que o jovem Marty McFly não era um vampiro.

Independente de ser ou não um guilty pleasure, a franquia Anjos da Noite ganha novo gás com O Despertar e não deverá demorar para novas sequências serem anunciadas, contando até com a presença de Scott Speedman, quem sabe? Os fãs dos filmes anteriores provavelmente irão se divertir muito com a nova aventura, mas ainda falta muito para os filmes ganharem a admiração do público que ainda anseia por um filme que mostre de verdade uma luta entre vampiros e lobisomens.

 

Nota: