Olá. Eu sou Marcos Xi, comando a barca Rock in Press, e depois de insistentes pedidos do querido companheiro 2tdias, hoje dou meu primeiro passo no Cinema de Buteco. O filme escolhido, que nem bem é um filme, é o documentário Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei.
O doc retrata a vida de Wilson Simonal, uma figura impar que reinou no Brasil durante os anos 60, com sua aveludada voz e carisma de deixar qualquer Roberto Carlos desacreditado do sucesso. Simonal foi produzido pelo Casseta Claudio Manoel e traz depoimentos que vão desde integrantes da banda que acompanhava nosso querido cantor, até de produtores de casas de shows, amigos, parentes e de quem tivesse uma boa história daqueles bons tempos para contar.
Para quem não sabe, Wilson Simonal literalmente regia 60 mil pessoas com sua voz, e ainda vencia preconceitos, já que sua cor de pele mais escura ainda era olhada com desconfiança por boa parte do público e crítica. Alavancado pelo mago do dinheiro Carlos Imperial – que também compôs vários sucessos de nosso cantor – Wilson já era o crooner das festas militares, e depois de descoberto, foi fácil vê-lo estourar nas rádios.
O documentário é dividido em duas partes: Uma mostra toda a ascensão do músico, o sucesso, o sorriso e toda sua amizade; E a outra conta toda a sua decadência e luta para voltar as paradas.
E justamente essa segunda parte é que faz realmente valer o documentário. Ali você descobre o maior erro da vida de Simonal, que se precipitou ao julgar seu contador e foi parar na polícia após espancar o pobre coitado. Daí, ele se viu envolvido numa trama de enganos e jogadas que o colocaram como informante do DOPS e sepultaram toda sua fama e prestígio. Porém, numa jogada sensacional, a equipe do documentário consegue o depoimento do contador pessoal de nosso cantor, e mostra provas de todo o ocorrido, mas que você só saberá se assistir o doc.
É triste ver a mulher de Simonal chorando ao afirmar que o pai se escondia nos shows dos filhos (Max de Castro e Simoninha) para que a fama ruim do pai não atrapalhasse o sucesso dos filhos. É comovente ver a luta que, nos anos 90, levou Simonal a correr na justiça para provar que não tinha nenhuma ligação com o DOPS e depois mostrá-la a todos, muitas vezes em questões humilhantes e desnecessárias, até sua morte em 2000.
Infelizmente, o documentário não mostra nada da infância de Wilson Simonal, onde o jovem se dividia entre a bola e a música no bar Divino, na Tijuca-RJ, junto com ninguém menos que Jorge Ben Jor, Tim Maia, Erasmo Carlos e Roberto Carlos. E ainda fica um sentimento de que não havia tanta necessidade de haver tal duração do doc, mas é certeza que é uma biografia obrigatória para aqueles que gostam da música brasileira e sua história e põe um ponto final na questão que Wilson Simonal não é um dedo duro do DOPS e sim um marco da música brasileira que jamais devemos esquecer.