A Perseguição

QUAL SERIA O MOTIVO PARA FILMES SOBRE DESASTRES DESPERTAR TANTO INTERESSE NO PÚBLICO? A resposta que logo chega na ponta língua (mais rápido do que você consegue pedir mais uma dose para o garçom, diga-se de passagem) é a necessidade de ver o próximo se fodendo. Longe de querer ser hipócrita, mas nós chegamos próximos de um prazer sádico quando assistimos filmes em que os personagens passam por maus bocados. Vai entender o que se passa na cabeça das pessoas…

O thriller A Perseguição mistura esse fascínio por assistir alguém colocando a mão na cintura e dizendo “Ih, agora fodeu” com um desastre de avião no meio da neve e um bando de lobos gigantes famintos que fariam a tribo de Jacob (da série Crepúsculo) ficar com o rabinho entre as pernas e fugir uivando. Liam Neeson é o protagonista dessa fria dirigida por Joe Carnahan, mais conhecido por Esquadrão Classe A.

Um dos pontos positivos do longa-metragem é evitar o papo furado e partir logo para o que interessa. Neeson interpreta um personagem deprimido e com sérias tendências suicidas, mas que não convence o público em momento algum. Na verdade, sendo bem sincero, acredito que a maioria dos espectadores desejaria a morte de todos os personagens no acidente de avião e que o filme narrasse uma versão gore dos especiais do Discovery Chanel. Algo como: “Aquilo que a TV não tem coragem de mostrar para você”, mas como eu faço parte da minoria burra, achei bem mais interessante esperar os lobos devorarem todos os chatos que acompanham o personagem de Neeson ao longo do filme.

Ao abandonar as firulas e se concentrar apenas na busca de sobrevivência do grupo, A Perseguição consegue deixar de ser apenas um mero filme feito para entreter aqueles que estão em busca de diversão fácil. A história boba é compensada pelas belas locações e o gelo que toma conta da maioria das cenas. Felizmente os lobos não se transformam em humanos e muito menos se comunicam por pensamento, o que torna agradável assistir suas tentativas de emboscar e devorar os homens que invadiram seus domínios. O engraçado é notar como um ator competente sofre com um trabalho medíocre e acaba sendo incapaz de oferecer uma estabilidade para seu personagem, que se oscila entre um babaca e um homem que deveria ser tão temido quanto os lobos que o cercam.

Nota: