por Angelo Costa, editor do site Fala Cinéfilo
EM A LISTA DE SCHINDLER, Steven Spielberg atinge a nota máxima da sua carreira, apresentando um filme ardiloso, coerente, esmagadoramente opressivo e sombrio. Também não é por menos, o longa que é considerado uma obra prima do cinema, trazendo para quem o assiste um verdadeiro holocausto de emoções sem limites.
A trama gira em torno da realocação dos judeus para o gueto de Cracóvia em 1939, a Segunda Guerra Mundial começa a fazer suas primeiras vítimas, neste contexto, um empresário alemão conhecido por Oskar Schindler (Liam Neeson) chega ao local buscando fazer fortuna com a guerra, conseguindo altos contratos com os militares pouco tempo depois. Prestes a ir embora, o empresário assiste a um verdadeiro massacre num ato de covardia provocado pelos alemães, decidindo a partir deste ato, ajudar os inocentes sobreviventes clandestinamente em sua própria fabrica.
Baseado no livro de Thomas Keneally, a história mostrada em preto e branco é um verdadeiro marco no cinema. Isso por conta da ousadia com que o longa é apresentado por quase três horas, com um visual surpreendente, dosando cada sequência com quantidades significativas de sensibilidade, a complacência do público para com a história é estabelecida aos poucos, Spielberg sabiamente mantêm o holocausto a uma certa distância, concentrando sua narrativa no protagonista e recortando o espetáculo de horror na medica certa. Está pronta a fórmula da angustia e a fraqueza visual e visceral em sua primorosa aposta estética.
Não contente, Spielberg não se limita construindo uma história sobre o bem e o mal, ele é exigente, estratégico, dinâmico. Seus personagens tem funções especificas em cada momento, não apenas no que vai ser reproduzido em fala, mas nas suas próprias posições ao longo do filme. A interpretação de Neeson é inteiramente de acordo com seu personagem, um aristocrata que goza da sua posição no mundo mas que paulatinamente se vê envolvido no resgate dos trabalhadores judeus, Ralph Fiennes (Amon Goeth) como um comandante insano e manipulador, aliás sua atuação é digna de Oscar de tão assustadora e convincente que é seu desempenho. Todo esse controle estabelecido por Spielberg tem é claro seu devido crédito ao roteiro de Steven Zaillian.
A Lista de Schindler é de fato um filme enigmático nas mãos do Spielberg que soube lidar com a complexidade deste sombrio contexto histórico como ninguém. O longa-metragem que ao início parece ser apenas uma história de um homem influente em busca de riqueza, refina nosso ponto de vista em questão de minutos, mantendo de certa forma sua ambiguidade. Ao final do mesmo, é impossível não estar em lágrimas por conta de tudo que refletimos ao longo da obra, um momento que jamais será apagado da nossa memória.
Nota:[cinco]