TODA SEMANA, FAÇA CHUVA OU FAÇA SOL, Tullio Dias e Lucas Paio se reúnem numa mesa de bar virtual e discutem as principais notícias do cinema dos últimos sete dias. Mas os acontecimentos cinematográficos desta semana foram obscurecidos por uma certa banda inglesa…
Tullio: Acho que não temos nada mais importante para falar essa semana que não seja sobre o retorno triunfal do Radiohead. Desde domingo é o principal assunto das discussões. Tanto que nem resisti e tive que escrever duas matérias dedicadas para a banda. Você chegou a ler?
Lucas: Fala, Tullio Dias! Não dá mais oi, não?
Li sim. Foi só quando vi o título do seu artigo (“O sumiço online do Radiohead“), inclusive, que entendi o que tinha acontecido quando entrei na página do Radiohead no Facebook no dia anterior após ouvir rumores de que soltariam novidades, e encontrei uma página vazia. Achei que era algum bug no Facebook ou no meu navegador, hahaha…
Tullio: Pois é. O que aconteceu foi que a banda preparou uma estratégia bem louca para lançar o single “Burn the Witch”, que é muuuuuito melhor que “Spectre”, faixa rejeitada para tema do último 007.
Lucas: Exatamente. Eles deletaram tudo o que tinham nas suas páginas oficiais – incluindo Facebook, Twitter, Instagram, site oficial – e chamaram a atenção simplesmente ficando calados. Como disseram no Twitter, o Radiohead “cometeu orkuticídio”.
Essas estratégicas malucas de divulgação são bem mais comuns na música do que no cinema, né? No mundo dos filmes tudo é muito mais previsível – a gente já sabe de antemão tudo que os grandes estúdios vão lançar nos próximo quatro ou cinco anos e são raros os exemplos de campanhas diferentes ou de lançamentos-surpresa. Você mencionou o Rua Cloverfield 10 no seu texto, e outro que me veio à mente foi quando o Richard Linklater anunciou Antes da Meia-Noite só depois que as filmagens já estavam concluídas. Lembra de mais algum?
Tullio: Porra. Verdade. Antes da Meia Noite também foi rodado sem alardes.
Não consigo pensar em mais nenhuma outra obra que tenha feito algo parecido no passado, sinceramente.
O clipe do Radiohead é quase um remake de O Homem de Palha. Já viu?
Lucas: Já vi O Homem de Aço e O Homem de Ferro, mas O Homem de Palha não. É uma trilogia dirigida pelos Três Porquinhos?
Curti o fato de terem feito o clipe em stop-motion. Você sabe que sou fã de animações em geral, e em stop-motion mais ainda. Segundo o diretor (o inglês Chris Hopewell), foram apenas 14 dias da concepção à finalização do clipe, que aliás foi terminado apenas uma semana antes do lançamento. Qualquer um que já experimentou fazer animação com bonecos ou massinha sabe a trabalheira que dá. Olha a equipe que produziu os bonecos para o clipe (tudo em apenas 6 dias) no meio da bagunça:
Tullio: Vale muito a pena. Tem uma refilmagem estrelada pelo Nicolas Cage e ele usa uma fantasia de urso. Pode ser o equivalente ao Lobo Mau?
Sensacional essa matéria. O diretor já havia trabalhado com o Radiohead em 2003, para o vídeo de “There, There” e dirigiu o Simon Pegg em Um Fantástico Medo de Tudo. Bem fraquinho o filme, inclusive.
Pelas datas, acho que o vídeo principal, com direção do Paul Thomas Anderson, ficou pronto antes. Quando deverão lançar, hein?
Lucas: Vídeo principal da mesma música?
Tullio: Eu tenho uma teoria de que “Burn The Witch” foi lançada por ser uma faixa especial para a banda (mais de dez anos para ser finalizada) e para dar um aperitivo do que vem aí. A música “principal” de trabalho deverá ser a próxima. Especialmente se lançarem antes do disco.
Lucas: Saquei. Não sabia que o PTA tinha dirigido clipe novo dos Cabeças de Rádio. Bastante promissor. Tullio, e o novo Han Solo, hein?
Tullio: Nossa. Para tudo.
O bom de gostar de Radiohead é levar na cara. Literalmente meia hora atrás o vídeo foi lançado.
Quem é Han Solo, cara? Hahaha, olha esse clipe.
A música é linda. A música é linda. A música é linda pra caralho. E preciso achar a letra.
Se a gente for descrever está mais para um encontro do material triste de OK Computer com o clima de algumas coisas do In Rainbows e os sons eletronicos do Kid A/Amnesiac – mas como detalhes no fundo, como deveria ser sempre.
Sério… Que música linda.
O clipe faz jus ao nome da faixa: “Daydreaming”, tem direção do PTA e mostra o Thom Yorke andando e a cada porta que abre aparece numa realidade diferente.
Caralho. Que música linda.
Lucas: Bom saber que você se emocionou. Por restrições smartphônicas, só verei mais tarde, depois que todo mundo já tiver visto e comentado.
Tullio: Pois veja mesmo o clipe. Não importa se depois de todos. Hahaha
Domingo o CD novo será lançado online e estamos todos ansiosos demais aqui. Loucura.
Detalhe que ainda não sei o título do CD… Ahhahaa
Lucas: Eu também não sei o título, mas só de falar CD você já denuncia a sua idade. Você também vai comprar o K7?
Tullio: Vou. Te envio ele por telegrama, pode ser?
Lucas: Acho difícil você enviar uma fita por telegrama. Sugiro um mensageiro a cavalo, que é mais confiável.
Até semana que vem, Tullio Dias! Faremos a coluna via telégrafo, em código morse.
A coluna Mesa de Bar é produzida durante a semana através de um chat no Facebook. Todas as semanas temos um assunto novo para ser debatido dessa maneira informal. Sugestões de pauta: contato@cinemadebuteco.com