A COLUNA MESA DE BAR TRAZ AS NOTÍCIAS DA SEMANA DISCUTIDAS como se estivéssemos numa… bem, o próprio nome já diz. Hoje, Tullio Dias e Lucas Paio têm uma notícia triste para comentar:
Lucas: Fala, Tullio Dias. A gente já se preparando para abrir uma cerveja e começar nosso papo semanal, quando de repente vem a notícia de que o Prince morreu…
Tullio: O Prince morreu. E eu estou querendo ficar bêbado em sua homenagem. Conheci ele, como a maioria das pessoas que conheço, com “Kiss“. O cara era demais. Um artista único, que não apenas tocava qualquer instrumento, como era um puta produtor fodão.
Lucas: E prolífico pra caramba, né? Compôs centenas de músicas e lançou nada menos do que 39 discos (quatro deles lançados no último ano e meio, entre 2014 e 2015). Mas admito que conheço pouquíssimo desse material, só as mais famosas mesmo.
Tullio: O lance do Prince é sua contribuição para a música como um todo. O cara ajudou na carreira da Madonna, sabe? Sem falar que aquela “Nothing Compares 2 U“, do clipe da mina careca, é dele também… Altas músicas espalhadas por aí. No cinema, para quem não sabe, ele trabalhou com Tim Burton no material de Batman, em 1989.
Lucas: Pois é, tem aquela cena clássica do Coringa do Jack Nicholson entrando no museu e vandalizando as obras de arte ao som do Prince, com a Kim Basinger horrorizada. E parece que ele (o Prince, não o Jack Nicholson) teve um caso com a Kim Basinger justamente nessa época.
Mas a relação entre o Prince e o cinema foi bem mais além das trilhas sonoras. Você sabia que ele dirigiu três longas-metragem? Eu não sabia, descobri agora há pouco.
Tullio: Sabia que tinha dirigido filme, mas não tenho a menor ideia se são bons ou não… HAHAHA, ele assinou como?
Lucas: Assinou como Prince, ué. Os três foram nos anos 80, antes dele trocar de nome para aquele símbolo impronunciável, e depois trocar de novo para “O Artista Anteriormente Conhecido Como Prince”, depois reduzir simplesmente para “O Artista” e depois voltar a ser “Prince” novamente (acho que foi essa a ordem, mas vai saber). “Prince”, aliás, era o nome de batismo dele, e não um nome artístico.
Primeiro ele estrelou um filme que ficou bem famoso, Purple Rain (em 1984). Inclusive ganhou um Oscar pela trilha sonora. Aí dois anos depois, dirigiu Sob o Luar da Riviera, sobre um gigolô (interpretado por ele mesmo) que se apaixona por uma ricaça em quem tentava dar um golpe.
Os outros dois foram um documentário/show (Sign o’ the Times, de 1987) e uma continuação para Purple Rain, chamada Graffiti Bridge. O filme-show é bem elogiado no IDMb, mas Sob o Luar da Riviera tem uma nota 4,7 e o Graffiti Bridge, 4,1. Acho que isso responde a sua indagação…
Tullio: Agora vai pipocar gente que nunca ouviu falar do Prince dizendo que era o maior fã e tal… Isso não te deixa fora do sério?
Lucas: Na verdade, o que me incomoda mais é quando a pessoa diz que nunca ouviu falar e se orgulha disso. Tipo “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”. Rolou isso bastante quando o Bowie morreu em janeiro: galera no Twitter se gabando da própria ignorância, como se ela desconhecer a existência um artista fosse atestado da irrelevância desse artista.
Tullio: É de uma estupidez sem limites, né? Ninguém é obrigado a conhecer nada, sabe? Só que vir a público para exibir a falta de inteligência é algo vergonhoso. Lamentável, para falar a verdade.
Muitas vezes a gente acaba discutindo sobre validar determinadas obras de arte e caímos na cilada de entrar no campo do gosto pessoal. Para boa parte das pessoas, a arte é apenas um passatempo e eles vivem estragando o cérebro com a falta de inspiração de produções engessadas e com o intuito principal de serem parecidas umas com as outras. Artistas de verdade sofrem nesse meio.
Lucas: Pois é. O Prince, apesar de absurdamente produtivo, estava fora da grande mídia havia bastante tempo e infelizmente, como acontece com muito artista, é a morte que acaba o trazendo de volta às manchetes – ou, mais apropriadamente para 2016, às timelines das redes sociais.
Cara, este ano tá foda para a música. David Bowie, Sir George Martin (o lendário produtor dos Beatles), e agora o Prince… Você tem uma recomendação para os leitores do Buteco de alguma obra do Artista Que Sempre Conheceremos Como Prince?
Tullio: Eu tenho sim. Além da já citada “Nothing Compares 2 U”, posso recomendar ouvirem uma releitura linda que o Damien Rice fez para “Kiss”, maior sucesso da carreira do Prince:
Então é isso… 2016 segue cruel com uma lista de mortes cada vez mais dolorosa, especialmente para os fãs de música boa. Fica a nossa homenagem ao Prince e um agradecimento por toda a sua contribuição!