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Michael Sheen comprou R$ 7 milhões em dívidas por uma pechincha – e provou que o sistema é um golpe

Michael Sheen poderia simplesmente ter seguido a cartilha clássica dos milionários bonzinhos. Doar um dinheiro aqui, cortar a fita de uma ONG ali, discursar sobre desigualdade num evento de gala enquanto bebe um vinho de cinco mil dólares. Mas não. O homem olhou para o sistema financeiro, viu como ele explora os mais pobres e resolveu dar um jeitinho de Robin Hood moderno: comprou pacotes de dívidas da população por um valor muito menor e simplesmente os perdoou.

A lógica do golpe do endividamento é tão cruel que, na prática, o ator precisou de menos de R$ 750 mil para quitar R$ 7 milhões em dívidas.

Sim, o banco estava cobrando um valor absurdo, impagável, mas aceitou receber muito menos de alguém que tinha dinheiro na mão. O que significa que eles nunca precisaram cobrar tanto. Nunca precisaram ferrar as pessoas desse jeito. Fizeram porque podiam.

E o pior? Esse não é um problema só do Reino Unido. Isso acontece no mundo inteiro. Se você já pagou o mínimo do cartão de crédito achando que ia dar tudo certo, sinto muito: já caiu nessa armadilha.

O esquema funciona assim: primeiro, te oferecem crédito com um sorriso no rosto. “Aprovação instantânea, sem burocracia!” Aí, quando você precisa de dinheiro, toma um empréstimo. Se atrasa um pouco, os juros começam a escalar como se fossem um atleta olímpico. De repente, você está devendo três vezes o valor original e nem sabe como chegou ali.

E quem se beneficia? Os mesmos de sempre.

Bancos, financeiras, agiotas (os de terno e os de corrente de ouro). O sistema foi criado para garantir que dinheiro sempre vai para quem já tem dinheiro.

Sheen olhou para esse cenário e, ao invés de apenas reclamar no Twitter ou assinar uma petição genérica, meteu a mão no bolso e comprou a briga.

Literalmente.

O cara foi atrás das dívidas, negociou os pacotes como se estivesse comprando um carro usado e apagou a desgraça financeira de centenas de pessoas. Não porque ele queria ser chamado de santo, mas porque queria provar como esse sistema é escandalosamente injusto.

E agora ele quer ir atrás dos agiotas.

Porque quando as instituições financeiras falham em oferecer crédito acessível, os mais pobres acabam caindo na mão da versão “modo hard” dos bancos: os agiotas.

O ator diz que tem gente sendo levada para a montanha e ameaçada com violência. No século 21. No Reino Unido. Enquanto Jeff Bezos compra a franquia James Bond por um bilhão de dólares só porque ficou ofendido.

É nesse tipo de mundo que vivemos: onde endividar-se é facílimo, sair da dívida é impossível e um ator de Hollywood tem que se meter para resolver o problema.

Agora, fica a pergunta: se um cara sozinho conseguiu livrar tanta gente de uma bola de neve financeira com menos de 1 milhão de libras, por que governos inteiros não fazem o mesmo?

Bom, talvez porque… eles são os donos do cassino.