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IA está escrevendo livros no seu lugar (e com seu nome na capa)

Imagine que você passou cinco anos da sua vida escrevendo o livro da sua alma. Chorou na frente do Word, brigou com vírgulas, gastou metade do décimo terceiro com um capista freelancer que desapareceu depois de te mandar uma imagem em 72dpi.

Mas você sobreviveu.

Publicou. Vendeu. Chorou de novo (dessa vez de emoção). E quando acordou, tinha outro livro com o exato mesmo título que o seu… assinado por M.R. Dalen.

Você pensa: “Ué, será que fui eu bêbado? Será que publiquei de novo sem querer?”
Mas não. Foi a Inteligência Artificial™ — ou melhor, a Burrice Humana™ usando IA como desculpa.

“O importante é participar… e plagiar”

Hoje, qualquer um com acesso a um teclado, uma ferramenta de IA e uma moral de papel higiênico consegue gerar um livro inteiro com o título “O Príncipe de Canoas: a jornada interplanetária do homem de vendas” e vender na Amazon como se fosse do Paulo Coelho com ressaca.

E os leitores? Compram.

Compram achando que estão lendo The Winds of Winter, do George R.R. Martin, sem perceber que o livro foi publicado sem nem um tweet, sem um escândalo, sem um tapinha nas costas do Jon Snow. Só um PDF brotado de um buraco negro digital com o selo de aprovação da pressa.

A versão IA de você mesmo: agora com mais erros gramaticais e menos alma

A parte mais tenebrosa? Não é só o plágio.
É o plágio mal feito.

Esses livros gerados por IA vêm recheados de frases repetidas, insights rasos e um ritmo narrativo que parece escrito por um estagiário da Skynet com TDAH.

Eles não são apenas uma ofensa ao autor original.
Eles são uma tortura para o leitor.

É como pedir um acarajé e receber um pão com maionese: o nome tá lá, mas o sabor é um crime.

A justiça dorme, o algoritmo não

Você pensa: “Mas e os direitos autorais?”
Ah, meu amigo… copyright protege o conteúdo, não o título.

Se você não registrou seu livro como marca (coisa que só grandes editoras fazem), qualquer zé da nuvem pode lançar “A Sombra do Vento” por Joãozinho XPTO e embolsar uns trocados enquanto destrói sua reputação.

E o pior: nem sempre o leitor percebe.
A maioria só quer ler rápido, pagar pouco e fingir que entendeu tudo pra postar uma resenha com emojis.

Quem precisa talento quando se tem prompts?

A IA não está só ajudando a escrever.
Ela tá escrevendo no lugar das pessoas.
E, às vezes, no seu lugar.

Hoje, você publica um livro.
Amanhã, alguém digita no ChatGPT:

“Escreva um resumo do livro ‘A Vida Secreta dos Pedreiros de Curitiba’, em estilo emocional, mas com toque de autoajuda.”

Boom. Livro novo, mesmo título, outro autor.
E vai ter gente que compra, lê, acha uma merda e diz que foi você quem escreveu.

Como sobreviver na selva das cópias fajutas?

Verifique o nome do autor (mesmo que o título seja idêntico).
Leia a amostra gratuita (se não tiver, desconfie).
Confie no seu feeling: se o livro soa como se tivesse sido escrito por uma geladeira motivacional, fuja.
⭐ Leia as reviews (o leitor indignado é o melhor alarme contra picareta digital).

E autores, pelo amor da sanidade: googlem seus próprios títulos de vez em quando. Vai que tem um M.R. Dalen te esperando na próxima aba.

Final triste, mas honesto

A literatura está em guerra.
Não contra a tecnologia — mas contra o uso preguiçoso, ganancioso e desonesto dela.

A IA pode ser uma aliada poderosa.
Mas, por enquanto, tem gente usando ela pra empacotar lixo em capa dura.

E enquanto o algoritmo lucra com a confusão, quem perde é o autor… e o leitor.

No fim das contas, o livro que a IA escreveu pode até ter o seu nome.
Mas ele não tem o seu suor.
Não tem sua lágrima.
Não tem sua história.

Só tem um aviso invisível na última página:
“Este conteúdo foi gerado automaticamente e f*-se você.”**