O Brasil foi ao Oscar 2025 com o sonho de fazer história. Fernanda Torres, com sua atuação arrebatadora em Ainda Estou Aqui, era uma das favoritas ao prêmio de Melhor Atriz. Vinte e seis anos depois da indicação de Fernanda Montenegro por Central do Brasil, tínhamos outra Fernanda na disputa, e a sensação de que, dessa vez, o final seria diferente.
Não foi.
O Oscar foi para Mikey Madison, por Anora. E, para completar a ironia, Madison subiu ao palco vestindo um vestido rosa claro que lembrava (muito!) o icônico modelo usado por Gwyneth Paltrow em 1999 – ano em que, adivinhe, Fernanda Montenegro perdeu para Paltrow. O déjà vu foi tão cruel que parecia um roteiro escrito pelo próprio Oscar: o prêmio escapa de nossas mãos novamente, e mais uma vez para uma jovem atriz americana em um papel de destaque, vestindo rosa e emocionada no palco.
Mick Jagger chegou e o Brasil tremeu
Como se esse filme do destino já não tivesse enredos suficientes, Mick Jagger apareceu na cerimônia. Sim, ele mesmo. O homem, o mito, a lenda – e o maior símbolo de azar para os brasileiros. Toda vez que Jagger torce para um time ou uma seleção, o resultado é trágico. Se ele veste a camisa do Brasil, perdemos. Se ele diz que um time vai vencer, ele é eliminado.
E lá estava ele, no Oscar, elegante e sorridente, pronto para entregar o prêmio de Melhor Atriz. Quando as câmeras focaram em Mick, foi possível ouvir o suspiro coletivo do Brasil: se havia alguma esperança, ela acabava de diminuir drasticamente.
E não deu outra. Quando Madison foi anunciada como vencedora, o país sentiu aquela dor conhecida de bater na trave. Um suspiro, um “ah, não”, e a certeza de que, mais uma vez, ficamos no quase.
Mas, no fundo, o Brasil venceu
É fácil olhar para a derrota de Fernanda Torres e ver apenas a frustração. Mas essa visão seria injusta. Porque o Brasil saiu do Oscar 2025 vitorioso. Ainda Estou Aqui levou o Oscar de Melhor Filme Internacional, um feito que Central do Brasil, Cidade de Deus e tantos outros não conseguiram.
Além disso, a própria Fernanda Torres fez história. Sua indicação já era uma vitória, e sua performance inesquecível ficará marcada como um dos maiores momentos do cinema nacional. O prêmio pode não ter vindo, mas seu nome agora está na lista das maiores atrizes que já pisaram no Oscar.
E convenhamos: só de termos visto um brasileiro na disputa, com chances reais de vencer, já foi um sinal de que estamos cada vez mais fortes. O Oscar não veio desta vez, mas estamos cada vez mais próximos – e nós sabemos que a torcida nunca para.
Agora, que venha o próximo. E, da próxima vez, alguém por favor mantenha Mick Jagger bem longe da cerimônia.