Depois do #OscarSoWhite em 2016, os votantes da Academia se viram obrigados a tomarem atitudes diferentes para não perder mais audiência e continuarem causando a ira nas redes sociais. O resultado do impacto negativo do ano passado pode ser sentido na lista de indicações na cerimônia desse ano. Ainda que tenham deixado de lado O Nascimento de uma Nação, um dos melhores longas da temporada passada, a Academia acertou ao reconhecer os trabalhos de diversos atores negros. Confira agora a lista com a previsão do Oscar 2017, segundo as opiniões meio etílicas de Tullio Dias.
Melhor Filme – La La Land: Cantando Estações
Será uma zebra histórica se o grande recordista da noite (14 indicações) não for agraciado com o Careca Dourado mais desejado do mundo do cinema.
Dirigido por Damien Chazelle e com Ryan Gosling e Emma Stone nos papéis principais, o musical romântico é uma deliciosa homenagem aos clássicos do passado. La La Land se destaca mais por sua história de amor apaixonante do que pela inspirada trilha sonora. A combinação desses fatores é explosiva e não poderia dar em nada diferente do que um belo Oscar pra equipe responsável.
Melhor Diretor – Damien Chazelle
Esse ano não conseguimos nos organizar para produzir pequenos especiais comentando as obras dos diretores indicados na categoria. É uma pena, já que esse exercício nos faz conhecer melhor o trabalho de cada cineasta e poder defender melhor nossas escolhas. No caso, eu optei por apostar em Damien Chazelle porque ele foi o cara que, por duas vezes consecutivas, dirigiu obras com verdadeiras declarações de amor ao cinema e música. La La Land é um belo exemplo disso, assim como Whiplash já havia sido. Esse sujeito merece meu amor e atenção.
Melhor Atriz: Isabelle Huppert (Elle)
Amo a Emma Stone. Inclusive, o nosso casamento está marcado desde aquela sessão de Zumbilândia anos atrás. Ainda não tive coragem de dizer isso pra ela. Também não teria coragem de dizer na cara dela que meu amor não vai sufocar a razão: Isabelle Huppert é a melhor atriz indicada. Sua atuação em Elle, de Paul Verhoeven, é intensa. Daquele tipo de coisa que você fica meio sem reação diante o que assiste na telona. Emma Stone precisa de muitos anos de experiência para conseguir fazer algo parecido algum dia.
Ator Coadjuvante: Mahershala Ali
Não sei bem porque não escolhi Jeff Bridges ou Michael Shannon. Ambos possuem papéis maiores que o Mahershala Ali em seus respectivos filmes, mas acredito que a figura de inspiração e referência paterna do protagonista de Moonlight tenha seus trunfos. Ali fica poucos minutos em cena, mas é eficiente em transmitir a sua mensagem e encantar o público.
Atriz Coadjuvante: Viola Davis
Poxa vida. Ainda que a sua indicação como coadjuvante seja muito incômoda, Viola Davis é a principal atriz desse Oscar 2017. Pode colocar os outros dezenove profissionais e nenhum vai chegar nem perto do que ela é. OK. Eu ainda acho que Naomie Harris (Moonlight) merecia mais esse prêmio, mas é preciso admitir que Viola vai voltar pra casa premiada por sua atuação em Um Limite Entre Nós.
Ator: Viggo Mortensen
Qual é a graça de colocar no papel nossas apostas para o Oscar e não deixarmos nenhuma loucura aparecer? Essa categoria de ator é a que mais me diverte. Dependendo do meu estado de humor, escolho Ryan Gosling, Casey Affleck ou Denzel Washington. Hoje, especialmente, gostaria de ver Viggo Mortensen recebendo o careca dourado pelo lindo Capitão Fantástico. Improvável, claro.
Roteiro Original: La La Land
A Qualquer Custo e Manchester a Beira Mar possuem os seus méritos, mas nenhum deles chegou nem perto do efeito que La La Land conseguiu. A mistura de amor, frustração, jazz, amor ao trabalho e às realizações de nossos sonhos pode ter deixado muita gente repetindo que a obra não tem história. Bicho. WTF? Como não tem história? Tem demais e é a mais emocionante de 2016/2017.
Roteiro Adaptado: A Chegada
São poucas as chances de ver isso acontecendo, já que Moonlight e Um Limite Entre Nós são apontados como os favoritos. Ainda assim, como é de hábito, prefiro torcer pelo que mexeu comigo de verdade.
A Chegada não me deixou aos prantos no cinema durante a sua conclusão, mas certamente me fez ficar engasgado com minha própria alma e consciência. Depois que tive conhecimento que o texto original é um conto, minha admiração pelo trabalho de Denis Villeneuve e cia apenas aumentou.