“A loucura é algo relativo. Depende muito do lado da grade em que a pessoa está. […] Dan se virou para o lado e olhou para o relógio. Caso sua luta fosse mesmo contra sua loucura, ele sentia que estava perdendo. Ou talvez já estivesse definitivamente derrotado […].”
Quando peguei o livro ‘Asylum’, da autora Madeleine Roux fiquei encantado por todo o trabalho gráfico presente na obra. Com uma capa digna de um livro de terror que vai te deixar sem dormir por dias e imagens que dão ainda mais veracidade para a história, acabei criando uma expectativa absurda para ler a nova aposta da editora Vergara & Riba (que por sinal, fez um excelente trabalho) e o resultado foi um pouco diferente do esperado.
Asylum é o primeiro volume de uma série infanto-juvenil que narra a história de Dan Crawford, um adolescente de 16 anos que está indo passar as férias de verão no renomado New Hampshire College Prep com outros adolescentes que desejam estudar ainda mais para garantir uma vaga na universidade. Ao chegar no campus, Dan descobre que o dormitório da universidade era um sanatório para criminosos. No primeiro dia, Dan encontra uma fotografia antiga dentro da escrivaninha e seu colega de quarto, Felix, informa que existe uma sala desativada contendo outras fotos como aquela. Curioso, Dan convida os amigos que acabara de conhecer para desbravar o local, desencadeando uma série de novos acontecimentos um tanto bizarros.
“[…] sentia como se estivesse abrindo uma caixa de Pandora – as possibilidades proporcionadas por uma incursão ao velho hospital pareciam atraentes demais para ser deixadas de lado […]”
Assim como toda saga juvenil, Dan também conta com dois melhores amigos para enfrentar tudo isso. Abby, uma estudante de artes e Jordan, um estudante de matemática que passa por problemas com a família por ser gay. Com o desenrolar da história, percebi que o livro não se tratava de um terror como eu esperava, e sim de uma aventura com uma pitada de suspense. Após aceitar o fato de que não sentiria medo ou aquele frio na espinha ao ler determinado trecho, tentei ver a obra como um adolescente.
“Nunca houve uma mente brilhante sem um toque de loucura.”
E à medida que Dan e seus amigos começam a explorar os recantos do antigo sanatório e conhecemos um pouco sobre a história de cada um, percebemos que os personagens não estão ali por acaso. O sanatório também não era apenas um local para deixar seus pacientes reclusos e tratá-los, mas também para que o antigo médico fizesse experiências, remetendo-os a sacrifícios em prol da medicina.
“Jung tinha uma abordagem interessante das coincidências, que Dan sempre aceitara como verdadeira. Em resumo, ele afirmava que, quando as pessoas viam uma relação significativa entre dois eventos – uma coincidência -, isso não acontecia porque os eventos estavam relacionados, e sim porque o cérebro tinha feito aquela conexão.”
A autora constrói uma ambientação e personagens muito próximos ao que já vimos em Harry Potter (não que isso seja ruim, mas a comparação fica inevitável). Porém, o mais interessante de Asylum é como o suspense consegue ser bem reproduzido. Dan é um personagem que tem alguns problemas de memória e sofre de um leve transtorno dissociativo. Além deste problema, ele começa a receber cartas anônimas, fazendo com que seja obrigado a voltar à sala desativada atrás de respostas. Afinal, Dan precisava provar para si mesmo que não estava ficando louco.
Mesmo com uma linguagem simples e mastigada e personagens imaturos, preciso confessar que Madeleine Roux me deixou bastante curioso para ler os próximos volumes da série.
Ficha técnica:
Título: Asylum
Autor(a): Madeleine Roux
Editora: Vergara & Riba
Gênero: Literatura infanto-juvenil / Suspense e Terror
Páginas: 336
Ano: 2014