Analisando a Trilha Sonora de Não me Abandone Jamais

É complicado e suspeito falar de Rachel Portman. Para mim a compositora está ali no páreo com Hans Zimmer quando a questão são trilhas sonoras românticas. E “Never Let me Go” sem dúvidas entra para o rol das melhores obras da compositora logo atrás de “Casa do Lago” e de sua compilação em “O Sorriso de Monalisa”.
Rachel Portman dá um espetáculo na obra, com cellos muito marcantes e ótimos violinos ambos executados sempre de maneira inigualável. O oboé também aparece e é responsável pelos trechos que acompanham os momentos de tensão no filme, que geralmente são os confrontos das protagonistas, tanto em “Ruth’s Betrayal” na cena em que Kathy descobre a traição, quanto em “Making Tea” quando elas discutem. “Evening Visit” e “Madame Is Coming” (da bizarra cena preconceituosa de Madame Marie Claude chegando) também revelam tensão, porém com um pouco mais de sutileza. Já “To The Cottages”, executada quando eles estão indo para a fazenda, tem um frescor diferente de toda a trilha do filme, o piano aqui mais alegre e esperançoso destoando com brilhantismo do resto da obra.
“Kathy Watches Behind Screen”, a obra que abre o filme, é realmente muito bonita sendo uma das que o piano mais se destaca, é seguida pela regular canção “Hailsham School Song” executada pelo coral dos alunos de Hailsham. Em “Life As A Career” que vem na sequência, na cena das crianças brincando no pátio, as cordas são muito bem destacadas assim como em “Bumper Crop” e “The Pier”, esta última responsável pela faixa que abre o álbum da trilha e também responsável pela cena com a melhor fotografia do longa.
“Never Let me Go” ainda conta com as melancólicas “The Worst Thing I Ever Did” e “Kathy And Tommy” (responsável pela cena do beijo dos protagonistas). “Main Titles” e “Kingsfield Recovery Centre” tem a mesma pegada triste porém ambas com um piano muito mais em evidência. A trilha ainda conta com as coadjuvantes “The Boat”, e “Unseen Tides” porém o destaque fica mesmo por conta da linda sequência de “Souls At All” e “We All Complete”. A primeira já protagoniza a cena na qual Tommy e Kathy descobrem a irrelevância de sua existência e prepara o terreno para “We All Complete” a mais incrível obra instrumental do longa que marca a explosiva cena da revolta de Tommy, que sem dúvidas exigiu todo o potêncial de Andrew Garfield como ator. O grande ápice do filme pra mim sem dúvidas é a canção homônima “Never Let Me Go” executada na cena em que Kathy abraça sua almofada, e que mesmo feita por uma criança sem dúvidas expressa toda a entrega da personagem ao romance.
“Never Let me Go” sem dúvidas tem uma singela e belíssima trilha sonora que prende o espectador a trama e trás ótimas doses de emoção. Rachel Portmam acertou novamente e está de parabéns.