Michael Bay sempre foi um daqueles diretores especialistas em filmes catástrofe. Não importa se seja tratando do fim do mundo, da segunda guerra mundial ou de bilheteria. Ele é o cara quando se comenta em filmes recheados de efeitos especiais e pouca (ou quase nenhuma) história envolvida. Foi assim em Armageddon, que de bom só a trilha sonora e a presença da Liv Tyler e de um estreante Ben Affleck; prefiro me abster sobre Pearl Harbor; com Nicolas Cage e Sean Connery, A Rocha bem que tentou ser legal. Acabou sendo dos poucos filmes que se salvam, junto de A Ilha e o blockbuster Transformers. Mas a verdade é que Michael Bay não é bobo.
No ano de 2003 ele tirou a sorte grande ao ter a sacada de fazer um remake do clássico Massacre da Serra Elétrica. Não se pode dizer que era uma tarefa fácil, afinal ninguém gosta de remakes e ainda mais de um filme rídiculo dos anos 80. Só que o filme caiu nas mãos de Marcus Nispel, um diretor com uma puta visão para dirigir e criar atmosferas realmenter perturbadoras (mas só em filmes de terror, porque o Desbravadores é um pé no saco). O remake acabou sendo um sucesso e a produtora de Michael Bay resolveu recriar filmes como Horror em Amityville e A Morte Pede Carona. No ano retrasado, após o ressurgimento de outra figura iconica do cinema de horror dos anos 80 (o mascarado Michael Myers e sua série Halloween), foi o momento certo para que a parceria entre Bay e Nispel repetisse a fórmula de sucesso usada em O Massacre da Serra Elétrica: Jason Vorhess e a sexta-feira 13 estavam prestes a respirar novamente.
O Jason, assim como o Michael Myers, teve como influência principal os horríveis e reais acontecimentos relatados em O Massacre da Serra Elétrica. O clássico Psicose também exerce sua participação quando apresenta a mãe como uma impiedosa assassina, que acaba sendo assassinada na frente de seu jovem filho. De comum com os antigos filmes, apenas as cenas de sexo entre os personagens e o roteiro previsível e sem nenhuma criatividade (e é o que distingue a série Sexta-Feira 13 de outras. Aqui mais vale o número de pessoas mortas e penduradas no teto do que uma coisa mais complexa e diferente). Dessa vez, o assassino corre. O toque de Marcus Nispel é justamente em tornar os vilões pessoas que realmente poderiam existir e ele consegue arrancar bons sustos da platéia. O novo Jason assusta. Incomoda da mesma forma que o Leatherface conseguiu no remake de 2003. E lembrando de como o mundo anda tão violento, a história de um psicopata como Jason, não é totalmente impossível.
Para quem não sabe do que se trata, eu recomendo que alugue os filmes antigos e se divirta com os roteiros idiotas e as cenas que você vai ter certeza de que já viu antes. Além claro, dos peitos caídos e cabelos monstruosos dos atores dos anos 80 (é. já ficou claro que eu tenho um problema com os anos 80 e seus respectivos cortes de cabelo). Jason é um menininho feio pra caralho que resolve matar todo mundo que pise no acampamento de Crystal Lake. O novo filme tem momentos engraçados, mas é como uma grande homenagem ao legado do personagem. Tanto que a última cena é uma cópia descarada do final da maioria dos outros filmes da série. Independente disso, não deixa de ser uma excelente diversão para a sua sexta-feira 13…
Toda essa conversa fiada dá pano para uma grande e interessante discussão sobre os filmes de terror e suas fórmulas repetitivas. Mas ninguém pode negar que o terror atrai um grande público e prova disso é que Jogos Mortais (um dos responsáveis pela volta triunfal do genero) vai ganhar a sua quinta continuação em 2009 e o vilão Freddy Kruegger vai voltar para comemorar os 25 anos da estréia do primeiro filme da série A Hora do Pesadelo. Curiosamente, o remake será feito por Michael Bay. Esperto ou não?
Para quem gosta de curiosidades, encontrei isso aqui:
Os números e clichês de toda a série: |
• Pessoas sacrificadas por Jason, somando os dez filmes: 171. |
• Quantidade de advertências do tipo “Não vá para Crystal Lake, o lugar é maldito” ou “Se eu fosse você, não iria para aquele lugar”: 19. |
• Vítimas que sonham com Jason: 17. |
• Cadáveres encontrados pendurados no teto ou dentro de um armário: 86. |
• Quantas vezes alguém diz frases do tipo “Espere um pouco que eu já volto” ou “Vou ver que barulho foi aquele lá fora” e nunca retorna: 21. |
• A indústria automobilística tem uma afeição toda especial por Jason. 7 de suas vítimas foram chacinadas pelo psicopata depois que seus carros enguiçaram ou simplesmente atolaram em alguma lama. |
• Somando os dez filmes, Jason já levou mais de 100 tiros, foi esfaqueado 26 vezes, levou 5 machadadas, foi atropelado por um trator e um carro e já foi atingido na cabeça 19 vezes por vasos, 8 pedaços de madeira, um sofá, duas cadeiras, uma estante e até uma televisão. E sobreviveu. |
Ficha Técnica:
Sexta-Feira 13 (Friday 13, 2009)
Dirigido: Marcus Nispel
Roteiro: Damian Shannon, Mark Swift
Genêro: Terror
Elenco: ilustres desconhecidos