No ano passado foi a vez do assassino Jason ganhar um remake e um bom filme de terror para a nova geração. Agora é a vez dos fãs de A Hora do Pesadelo serem premiados com um novo e, se tudo der certo, horripilante filme. Porém, quando tudo começou em 1984, apenas a premissa do assassino sanguinário que atacava durante o sonho era assustadora, já que a produção original chega a dar inveja em Sam Raimi e seu Uma Noite Alucinante de tão tosco. Wes Craven é sim uma mente criativa se tratando de terror, mas parece que a década de 80 não foi nada justa com o diretor/roteirista.
Curioso dizer que foi em A Hora do Pesadelo que o ator Johnny Depp começou a trilhar o seu caminho em Hollywood. Não deixa de ser uma atração a parte conferir o jovem e franzino ator em um de seus primeiros papeis no cinema, como é tradição em filmes de terror. Pelo menos nos de Wes Craven, que já mostrou Drew Barrymore, Sarah Michelle Gellar e várias outras beldades na trilogia Pânico. Mas falar do elenco do filme seria mais desastroso que falar de como a maquiagem de Freddy lembra um presunto sujo de molho a bolonhesa, então é melhor pular essa parte.
Do que adianta inventar um psicopata como Freddy Krueger se a produção conspira contra? Na época era impossível imaginar algo melhor (ou mais assustador, já que existem pessoas que realmente ficaram incomodadas com o longa original) se tratando de efeitos especiais e outros detalhes técnicos, mas assistir ao filme nos dias de hoje é quase como um programa humorístico. A maquiagem extremamente tosca, muito trash mesmo, acaba ganhando menos destaque devido a sábia decisão de Craven em usar o chamado “Efeito Tubarão” de Spielberg e deixar Freddy no escuro por muito tempo. Porém todo o “medo” intencionado acaba desaparecendo na cena em que o assassino persegue uma de suas vítimas correndo como se fosse a mistura de um anão tarado com o Cadeirudo, aquele mesmo que aterrorizou as mulheres de uma novela das oito. Sem mencionar, claro, a cena em que Krueger ganha braços elásticos e anda calmamente em direção a sua vítima.
Mas é preciso valorizar que na época do primeiro filme, Freddy Krueger ainda não havia ganhado a fama de psicopata engraçadinho que viria a ser sua marca registrada nos outros filmes da série. Wes Craven optou por modular a voz do ator Robert Englund e criar um personagem misterioso e cruel. Uma pena que em momento algum o filme original chegue a oferecer algum nível de terror. E é justamente esse ponto que a nova versão pretende tocar. O diretor Samuel Bayer e sua produção mostraram pouco da nova maquiagem do vilão nos trailers do filme que tem previsão de estreia para o próximo dia 7. Ou seja, eles devem ter a intenção de cortar todas as piadas de humor negro do repertório de Krueger e se concentrar na premissa de que todos nós estamos vulneráveis durante nosso sono. Se fizerem um terço do que podem, a nova versão de A Hora do Pesadelo vai entrar fácil no top 5 de melhores filmes de terror de todos os tempos. Mas é sempre perigoso criar expectativas e quando se trata de um filme tão estimado pelos cinéfilos admiradores do gênero terror, talvez seja melhor ficar com o original.