Esta história foi uma das que mais popularizou-se dentre os escritos de Tolstói, embora talvez, não de maneira imediata. O reconhecimento se dá especialmente pela profundidade das descrições sentimentais que o autor emprega poeticamente nos personagens da história. O autor usa uma linguagem rica, carregada de emoção e caracterizada por notável originalidade nas escolhas das palavras. A edição que li é dividida em duas partes e possui 114 páginas, seguidas de um posfácio.
Para poder aproximá-lo da abordagem do livro, vou propor uma reflexão que tem como finalidade explorar a temática presente nesta doce obra de Tolstói: Pergunte-se o que é felicidade conjugal. Recorra, em seus pensamentos para além de qualquer resposta que possa brotar do senso comum. Tente ir além. Questione-se inúmeras vezes e vá descobrindo cada resposta que lhe surgir. Perceba que, talvez, esse tipo de “felicidade” não consista única e/ou necessariamente na união de um casal. Ou então, que não se restrinja ao amor, mas quem sabe, apenas a um convívio carinhoso e tolerante. Alguns casais acomodam-se e podem viver juntos durante longos anos.
Não que não haja sentimento, muito pelo contrário, há! Fortes considerações podem estar envolvidas em um relacionamento, mas o fato é que nem sempre se trata de um verdadeiro amor. Essa reflexão proposta pode ser notada em Felicidade Conjugal. Tolstói narra a obra sob a perspectiva de uma jovem (Mária Aleksândrova) que começa, pela primeira vez, a apaixonar-se. O homem (Sierguiéi Mikháilitch) que desencadeia nela está paixão, é mais velho. Contudo, a diferença entre a idade de ambos não se torna um problema, pois ele começa a nutrir grande amor pela moça, e por fim, se casam. Isso tudo ocorre até metade do livro.
Na parte seguinte, começam a surgir típicas divergências de relacionamento, mas o casal as supera, embora seja neste ponto que resida o aspecto primordial do livro: a superação existe, mas ambos, com passar do tempo, mudaram. E o sentimento também se modificou junto com suas personalidades. Conforme dito anteriormente, este fato interferiu na relação, mas não a comprometeu, e foi exatamente por isso que ambos arquitetaram uma relação mais fria, com certa paixão, certo amor, mas nada definitivo, nada absurdamente empolgante, apenas uma felicidade conjugal, moldada na consideração e na ternura entre um homem e uma mulher. É por isso que este livro tem potencial: por ser cru, por ocultar um pouco de frieza e crise psicológica por trás de uma sutileza poética.
Ficha Técnica
Título: Felicidade Conjugal
Autor: Liev Tolstói
Gênero: Literatura Clássica
Ano: Edição: 1ª (1 de janeiro de 2009)
Páginas: 128
Editora: Editora 34
ISBN: 8573264268