Resenha: Kaschtanka e outras histórias – Tchékhov

19 de julho de 2016 1 min read 232

Em 2015, a editora Boa Companhia lançou o livro “Kaschtanka e Outras Histórias“, uma coletânea de contos de Tchékhov, um dos mais aclamados escritores de todos os tempos. Nascido na Rússia em 1860, foi também autor de ensaios, peças teatrais e novelas. Chegou a escutar a seguinte declaração de Tolstoi (outro prestigiado escritor russo): “Sabe, eu não consigo tolerar Shakespeare, mas suas peças são ainda piores“. Mas isso não o abalou. Tchékhov continou a escrever e deixou um imenso e importante legado literário.

Kaschtanka e Outras Histórias é um livro curto, com apenas 90 páginas, dentre as quais encontram-se somente sete narrativas, a seleção das histórias é muito boa e oferece aos leitores alguns dos textos mais populares do autor. Portanto, essa antologia pode ser considerada como um verdadeiro cartão postal para a arte de Tchékhov, sendo um livro facilmente devorado, e que deixa aquele típico gostinho de “quero mais”.

Tchékhov trabalha suas histórias geralmente partindo dos mais simples e comuns temas e cenários cotidianos que compõe nossas vidas. Entretanto, ele possui uma habilidade singular de conciliar essa simplicidade com intensidades filosóficas, fazendo de suas histórias textos cativantes, complexos e carregados de emoção. Essa característica fica claramente explícita no livro em questão.

A primeira história apresentada é Kaschtanka, sendo esta a mais longa do livro (página 9 á 39), e sendo também uma das mais respeitadas produções do escritor. Contudo, particularmente, a que foi mais marcante para mim, sem dúvidas, foi Brincadeira. Este conto ilustra o tipo de situação que, ao menos uma vez, costuma surgir na vida de todos nós. Não vou revelar exatamente do que se trata, apenas antecipo que é basicamente do tipo de romance que vivemos em nossas vidas, e que para alguns, é passageiro, enquanto que para outros, eterno. É sobre a maneira como todos os fenômenos que nos cercam (e inclusive nós próprios) somos passageiros, conforme podemos notar nesta passagem: “Mas eu, hoje, que estou mais velho, já não compreendo mais, para que dizia aquelas palavras, porque brincava…”

Por fim, o livro é curto, mas com contos bem selecionados que são um banho cultural, e que nos levam a conhecer parte do legado de um dos maiores nomes da literatura mundial.

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