JÁ FAZ MAIS DE UM ANO desde que a coluna Mesa de Bar não dá as caras no site. Quando ninguém mais esperava, Tullio Dias e Lucas Paio retomam o papo de buteco virtual para falar sobre o novo projeto literário do Cinema de Buteco: A Maldição das Cinco Caipirinhas!
Lucas Paio: Tullio Dias! Como você está? Olha, já faz mais de ano desde que a gente interrompeu, sabe-se lá por que diacho, a nossa coluna semanal Mesa de Bar. Achei que estava na hora da gente voltar. Por isso, smile! You’re in Mesa de Bar!
Tullio: Meu Deus. Assim? De repente?
Lucas: Assim de repente. Como uma notícia inesperada que te atinge que nem um tapa na cara. Como quando ficamos sabendo que fariam Star Wars episódios 7, 8 e 9.
Tullio: Esse dia foi louco.
Mas dos vários assuntos que poderíamos dedicar a atenção nesse retorno, como o caso de assédio do Harvey Weinstein ou o Danilo Gentili censurando geral, quero falar de algo nosso… Do seu filho!!!
Lucas: Meu filho? Não estava sabendo dessa… Vou ter que fazer teste de DNA no programa do Ratinho? Aliás, ainda existe programa do Ratinho?
Tullio: Existe.
Mas o filho se chama A Maldição das Cinco Caipirinhas.
Fale mais sobre esse belo projeto concebido por vocezinho.
Lucas: “Vocezinho”? Baixou o Ned Flanders?
Tullio: Sempre. Hhaha.
Lucas: Bom. Estava eu um dia de bobeira, pensando que gostaria de voltar a escrever ficção, e que seria legal fazer um troço colaborativo novamente. Eu já escrevi uma história colaborativa maluca com um amigo meu, A Saga de Tião, que era um sucesso absoluto entre os nossos quatro leitores. Demoramos apenas nove anos pra terminar a história, que durou de 2007 a 2016. E aí pensei aqui comigo mesmo: e se alguém no Cinema de Buteco animasse de participar? Afinal, todo mundo ali nutre uma certa afinidade pela palavra escrita…
Aí falei com você, e você topou. Afinal, você topa qualquer coisa que outra pessoa vá organizar, né não?
Tullio: Sempre.
Lucas: Mas aí virei o feitiço contra o feiticeiro, e te incumbi de escrever o capítulo 1.
Tullio: Eu adorei.
Essa ideia foi realmente uma oportunidade única para a gente começar a produzir nosso próprio material. Achei sensacional e não vejo a hora de começar a escrever o próximo!
Mas do que trata essa primeira aventura literária da nossa equipe?
Lucas: Boa pergunta. Eu inventei um título estilo terror B dos anos 50, e decidi que, pra fazer jus ao Cinema de Buteco, o protagonista teria que ser um cinéfilo e a história deveria começar no bar. Aí chegamos ao Orson, um cara que ainda amarga uma dor de cotovelo anos após terminar com a namorada, e marca um encontro com uma garota que conheceu no Tinder.
A verdade é que minha intenção era escrever esse capítulo 1, mas empaquei e joguei a batata quente na sua mão. E você escreveu o capítulo inteiro em o que, duas horas?
Tullio: Digamos que eu conheça pessoas que batem com a descrição acima… Um primo de uma ex-namorada e tal.
O que você achou do resultado e participação da equipe?? Surpreendeu?
Lucas: Achei que não ia convencer nem você a participar, e no fim das contas convencemos dez! E a graça do negócio é ter gente de estilos diferentes, pegadas diferentes, cada um levando a história pra um caminho, só pro outro reverter depois, e assim por diante. O Orson começou como um avatar do Tullio Dias – digo, do primo da sua ex-namorada -, e foi ganhando forma com cada autor e autora que narrava seu pedaço da história.
Tullio: Tem alguma coisa especial que você acha que pode ser considerada como o ponto alto dessa história?
Lucas: Pô, mas isso aqui é uma entrevista ou uma conversa de bar? Devolvo a pergunta: pra você, qual foi o ponto alto do projeto?
Tullio: Não sei. Não acabei de ler ainda.
Lucas: Que vergonha.
Tullio: Quero ler tudo de uma só vez.
Mas digo que me chamou muito a atenção a ideia de escrever sobre algo que tantos de nós entendemos bem.
Imagina só… Ser um cinéfilo ou uma cinéfila costuma causar grandes dificuldades em encontrar um par.
A gente ama tanto cinema que precisa encontrar alguém que entenda esse amor e não ache esquisito quando ficamos horas discutindo um filme com amigos ou escrevendo listas intermináveis.
Para aumentar a dificuldade temos a inclusão do Tinder, um cardápio sexual, que não é conhecido por oferecer opções intelectualmente excitantes.
Na real, você fica feliz se a pessoa conseguir escrever direito.
Então temos um protagonista tarado com cinema tentando encontrar o amor numa selva. É improvável, é a vida.
Lucas: Improvável mesmo são os caminhos que a história tomou depois do seu capítulo. Na hora que você ler, acho que vai desejar não ter colocado tanto de si no Orson… Mwua ha ha ha
Tullio: Será que colocamos tanto de nós mesmos no personagem?
E se sim, não vejo como um problema. A ficção nasce da experiência e bagagem pessoal de cada um. No caso, somos dez autores querendo contar uma história.
Lucas: Exato. O Orson tá que nem o James McAvoy em Fragmentado, um monte de vozes diferentes ditando o que ele faz.
Tullio: Pois é.
Lucas: Bom, Tullio Dias, foi um prazer estar de volta a esta coluna, e espero que agora voltemos a fazer isso semanalmente como antes.
Pra quem quiser acompanhar o seriado literário do Buteco, é só acessar o site toda quinta-feira, quando um novo capítulo vai ao ar.
E agora preciso ir embora desta mesa de bar virtual, porque sou o único entre os 10 autores que ainda não terminou o seu capítulo. Não podemos dar uma de Sense 8 e ficar sem final, né.
Tullio, você paga a conta pra mim? Valeu, falou, té mais!
Tullio: Eita.