Dia 21 de setembro de 1947 não foi um dia qualquer. Em Portland, cidade do estado norte-americano Maine, nascia Stephen Edwin King. Quando criança, Stephen gostava de ler os quadrinhos Os Contos da Cripta e, já adulto, foi professor do inglês.
Em 1973, publicou Carrie – a Estranha, depois de sua esposa, Tabitha, ter resgatado o original do lixo e convencido o autor a não perder a esperança. Isso mudou a vida do escritor e de todos os fãs de terror ao redor do mundo. King é publicado em mais de 40 países e sua obra tem adaptações para o cinema, TV e teatro. Algumas dessas adaptações funcionam, outras nem tanto.
Para comemorar o aniversário de 71 anos do autor, a equipe do Cinema de Buteco se reuniu com uma galera que conhece e curte o trabalho do cara. Cada um escolheu um título que o marcou de alguma maneira e agora, juntos, compartilhamos com vocês os nossos sentimentos sobre o que a escrita de Stephen King.
Enjoy!
- Novembro de 63 – 11/22/63 – Suma de Letras – tradução: Maria Beatriz de Medina (Graciela Paciência, do Cinema de Buteco)
Entre tantos títulos de terror e obras que marcaram inúmeros leitores pela tensão presente em cada trama, possivelmente foi Novembro de 63 o livro de King que mais me emocionou. Isso porque a história consegue mexer com apreciadores de diversos gêneros em uma só narrativa.
O professor de inglês Jake Epping leva sua vida de divorciado tranquilamente, até que um amigo o mostra uma passagem, uma espécie de fenda no tempo, que transporta Jake para o ano de 1958. O mesmo amigo convence o professor a impedir o assassinato de John F. Kennedy, mas para isso, Jake precisa ficar no passado por 5 anos, e localizar e espionar Lee Oswald Harvey, o suposto assassino do então presidente.
A partir disso, o leitor mergulha em uma trama que apresenta personagens muito cativantes, imprevistos e o preço a ser pago por uma mudança tão drástica no passado. Afinal, o passado há de se permitir ser mudado sem cobrar nada por isso?
O livro ganhou uma bela adaptação em formato de minissérie, com James Franco (127 Horas) no papel de Jake e e Sarah Gadon (Alias Grace) como a bela e doce Sadie.
Novembro de 63 tem romance, aventura, suspense e até mesmo um encontro com Beverly e Richie, do clube dos otários, de It – a Coisa. Trata-se de uma narrativa emocionante.
- Misery – Idem – Suma de Letras – tradução: Elton Mesquita (Marcelo Seabra, do blog O Pipoqueiro)
Poucas vezes um título nacional deve ter combinado tão bem com a obra. Misery, livro lançado pelo mestre Stephen King em 1987, chegou ao Brasil como Angústia, palavra que descreve perfeitamente como se sente o protagonista, mantido em cativeiro por sua louca salvadora, e o público, acompanhando esse duelo desesperado.
Paul Sheldon é um escritor que acaba de terminar seu mais novo manuscrito e sai, empolgado, de carro. Ao encarar uma nevasca, ele se acidenta e acorda na casa de uma enfermeira aposentada, Annie Wilkes. Excitada por ter acesso privilegiado à nova história de Sheldon, seu escritor favorito, ela não fica tão feliz ao ler o que julga ser obscenidades e violência. Pior fica quando ela lê o mais novo best-seller do autor a chegar nas prateleiras e descobre o destino da heroína que tanto adora. Sheldon é obrigado então a escrever uma nova história, trazendo sua Misery Chastain de volta à vida, enquanto precisa bolar uma forma de sobreviver à sua sequestradora.
A história, que chegou ao cinema e ao teatro, deixa o leitor tenso, ansioso por mais páginas. Sendo uma história de King, tudo pode acontecer. E o melhor: não há nada de sobrenatural. Não que haja problema com fantasmas e monstros, mas ninguém é vilão melhor que um ser humano perturbado. Annie entrou instantaneamente na galeria de melhores vilões da ficção, além de dar vários prêmios a Kathy Bates, sua intérprete no longa lançado em 1990 – chamado por aqui de Louca Obsessão.
- O Iluminado – The Shining, Suma de Letras – tradução: Betty Ramos de Albuquerque (Elaine Vieira)
Meu primeiro contato com o King foi através de O Iluminado. Não o livro, mas o filme do próprio King, de 1997. Eu estava na locadora com meus pais, aos 7 anos, escolhendo os filmes para o fim de semana, ocasião em que cada membro da família tinha direito a um VHS. A capa tinha o Danny Torrance em seu velocípede e minha mãe logo falou “Leva esse, é de criança”. (E o VHS ainda era duplo!)
Passei muitos dias sem conseguir tomar banho sem que houvesse alguém de guarda na porta do banheiro. É isso que algo do Stephen King faz com você e, definitivamente, foi o que O Iluminado fez comigo.
Anos se passaram e a história ficou marcada em mim. Apenas uma década depois tomei coragem de ler o livro. Claro que logo em seguida corri para ver a versão do Stanley Kubrick e rever a versão que me apavorou quando criança.
O Iluminado narra a história da família Torrance, que vai passar o inverno em um hotel para tomar conta dele enquanto o mesmo é fechado até a próxima estação. Um pai alcoólatra e escritor enferrujado vê a oportunidade ideal para dar a volta por cima, escrevendo seu próximo livro enquanto passa um tempo de qualidade com a esposa e seu filho (o Danny Torrance, da capa, que convenceu minha mãe a alugá-lo). O que poderia dar errado, certo?
Acontece que o hotel abrigava coisas que estavam adormecidas, esperando só o momento – a pessoa, no caso – para despertá-las.
As coisas começam a dar errado e ainda mais errado a cada página (o que, no caso, é o que dá certo). A narrativa, aliada à escrita do Stephen King, faz o leitor mergulhar no universo do Hotel Overlook e temer cada rangido no assoalho.
O livro é, definitivamente, uma obra de arte.
- O Iluminado – eis um livro MUITO adorado (Aline T. K. M., do do blog e canal Livro Lab)
O Iluminado foi simplesmente um dos primeiros livros de terror e suspense que eu li, e foi o primeiro do titio King que caiu em minhas mãos. De lá para cá, já se passaram quase quinze anos, e esse continua sendo um dos meus livros preferidos do gênero.
Como acontece com muitos livros que foram adaptados, eu acabei assistindo ao filme antes de ler. Mesmo assim, o livro conseguiu me surpreender. Aliás, eis aqui um caso em que livro e filme se completam de maneira magistral – impossível escolher qual o melhor! A narrativa do Stephen King é muito visual e isso fez toda a diferença aqui; a gente praticamente é transportado para dentro do Overlook Hotel e vive um inverno tenebroso junto com a família de Danny. Além disso, O Iluminado foi para mim a prova derradeira de que histórias de terror envolvendo crianças são sempre as mais assustadoras.
Certamente pretendo reler o livro, até porque tenho Doutor Sono na fila de leitura e não quero pegá-lo sem antes voltar a colocar meus pezinhos no Overlook de décadas passadas.
- Sob a Redoma – Under the Dome, Suma de Letras – tradução: Maria Beatriz de Medina (Leandro Galor, do Cinema de Buteco)
A série de TV da CBS, baseada no livro, foi um fracasso tão grande que foi cancelada em sua terceira temporada, após um promissor episódio piloto e uma primeira temporada bem avaliada pela crítica. De qualquer forma, foram os primeiros episódios que me despertaram o interesse pela obra, que ao contrário da série, é excelente do começo ao fim.
Ambientada em Chester Mill, no Maine, o romance de ficção-científica Sob a Redoma acompanha alguns moradores da cidade (de um político figurão e seu filho problemático que esconde um horrível segredo, até o cozinheiro do café local, que é um veterano de guerra) enquanto enfrentam um acontecimento inédito: uma gigante redoma misteriosamente apareceu, isolando a cidade do resto do mundo.
O romance gigante, com quase mil páginas, tem o poder de prender o leitor ao final de cada capítulo, tornando impossível a tarefa de largar o livro. Ficamos cada vez mais ansiosos em saber qual será o destino da cidade e como os moradores sobreviverão em meio ao caos que se instaura. Não há aí espaço para o sobrenatural ou para o terror, mas o que as pessoas fazem nessa situação de crise vai te deixar de cabelo em pé.
- O Cemitério – Pet Sematary, Suma de Letras – tradução: Mário Molina (Carvalho de Mendonça, do Cinema de Buteco)
Lançado em 1983, O Cemitério foi publicado a contragosto de seu autor, por ser, nas palavras dele, “terrível” e “profundamente dark”. Apesar dos problemas de King com a obra, ela foi um sucesso de vendas, tendo, inclusive, chegado às telas do cinema (O Cemitério Maldito) pelas mãos da diretora Mary Lambert, em 1991. A proximidade extrema com a realidade, transformou o romance em uma das leituras mais incômodas da carreira do escritor.
Louis Creed é um médico de Chicago que, indicado para dirigir a enfermaria de uma universidade, se muda com a esposa Rachel, os filhos Ellie e Gage, e o gato Winston Churchill (o Church), para uma mansão à beira de uma estrada isolada, no interior do Maine. Logo após a mudança, o novo vizinho, Jud Crandall, apresenta à família um cemitério de animais (“simitério”, conforme consta) localizado atrás da casa, onde as pessoas enterram seus bichos, geralmente atropelados pelos gigantescos caminhões da fábrica “Orinco”. Mas quando Church aparece morto, Jud pede para que Louis o enterre em um outro lugar, num cemitério indígena mais adiante. A tragédia dos Creed começa quando o gato amanhece vivo ao lado da cama.
O Cemitério trata da relação do homem com a morte, o luto e a perda de uma forma geral. Stephen King misturou um minucioso estudo acerca do universo funerário com aspectos autobiográficos e lendas ancestrais, criando uma trama mórbida e assustadoramente familiar.
- ‘Salem – Salem`s Lot, Suma de Letras – tradução: Thelma Médici Nóbrega (Jéssica Reinaldo, do blog Fright Like a Girl)
‘Salem foi o primeiro livro do Stephen King que eu li. Publicado originalmente em 1975, foi lançado aqui no Brasil pela Suma de Letras, e minha edição é a de 2013, com tradução da Thelma Médici Nóbrega. O livro conta a história de como o mal se apoderou da cidadezinha de Jerusalem’s Lot. A chegada de Ben Mears, um escritor que retornou à cidade após vários anos fora, e Sr. Barlow, um homem bastante estranho e taciturno, é o ponto de início da narrativa.
Uma das coisas mais interessantes em ‘Salem é como a narrativa demonstra que o mal está enraizado na cidade, desde que alguns anos antes aconteceu um crime terrível em uma das casas do local. Desde então, ‘Salem atrai a maldade, e King trabalha essa ideia de forma muito interessante. Além disso, o livro é uma grande homenagem à Drácula e à literatura de vampiros, com um clima tenso e ambientação sombria.
- Carrie, a Estranha – Carrie, Suma de Letras – tradução: Adalgisa Campos da Silva (Michelle Henriques, do site Leia Mulheres e do podcast Feito por Elas)
Carrie, a Estranha talvez seja a escolha mais óbvia, afinal, esse foi o primeiro romance publicado pelo autor. Mas, além disso, foi meu primeiro contato com Stephen King. Mais precisamente 20 anos depois de lê-lo pela primeira vez, eu o reli há pouco e as sensações foram exatamente as mesmas. Ler King é como voltar para casa. Não há lugar melhor para se esconder do que nas páginas de King.
Carrie talvez seja meu preferido pelo valor sentimental, por ter aberto as portas para o mundo do terror, um mundo do qual eu finalmente fazia parte.
- Trilogia Trilogia Bill Hodges – Mr. Mercedes/Finders Keepers/End of Watch, Suma de Letras – tradução: Regiane Winarski (Thay, editora e co-criadora do site Valkirias)
O início de Mr. Mercedes, primeiro livro da Trilogia Bill Hodges, é responsável por dar o tom de toda a trama que acompanharíamos pelas próximas centenas de páginas: em uma madrugada fria em uma cidade do Centro-Oeste norte-americano, centenas de pessoas esperam pelo início de uma feira de empregos. Na fila quilométrica, estão os mais diferentes tipos: mulheres com seus bebês de colo, homens de meia idade, adolescentes em busca de um primeiro emprego, que em comum todos têm o cansaço e exaustão de uma vida difícil, mas se mantém em pé em meio ao frio e a neblina aguardando uma oportunidade que dê um pouco de esperança para um futuro melhor.
É nesse contexto que um motorista solitário invade a fila dirigindo uma Mercedes em alta velocidade. O motorista atropela as pessoas que estão na fila e em um ato deliberado de maldade, dá marcha a ré e retorna, matando e ferindo ainda mais pessoas. O criminoso não é encontrado e o saldo de seu atentado são oito pessoas mortas e muitos feridos. Do outro lado da cidade, anos depois, o policial aposentado Bill Hodges passa as noites em claro lembrando-se de um crime que não conseguiu solucionar. Quando Bill recebe uma carta bizarra de uma pessoa ameaçando organizar um atentado ainda maior do que o que aconteceu na fila de empregos, o policial decide abandonar sua aposentadoria e partir em busca do psicopata que está ameaçando ainda mais vidas.
O leitor da Trilogia Bill Hodges sabe desde o princípio que o responsável pelo atentado com a Mercedes e o autor da carta é Brady Hartfield, um jovem que vive com sua mãe alcoólatra. Brady recorda com prazer da sensação de morte sob as rodas da Mercedes e não vê a hora de colocar em prática seu novo plano. Nesse cenário, Bill, com uma improvável dupla de aliados – a quarentona Holly e o adolescente Jerome -, tenta encontrar Brady antes que ele possa matar novamente, o que movimenta Mr. Mercedes em uma clássica história de gato e rato, de presa e predador.
Toda a excelência da escrita de Stephen King pode ser encontrada nos livros da trilogia. Começando por Mr. Mercedes, continuando com Achados e Perdidos e finalizando com O Último Turno, é praticamente impossível deixar de virar as páginas freneticamente, querendo saber o que acontecerá com a perseguição implacável entre Bill e Brady. Se a princípio a história da Trilogia Bill Hodges parece perfeitamente mundana e comum, ainda que um thriller policial da melhor qualidade, logo percebemos que o sobrenatural também está à espreita dessas páginas: com suspense na medida e uma luta entre o bem e o mal, Stephen King nos transporta para a mente perturbada de Brady e para a coragem sem limites de Bill. Outro ponto muito importante e que faz da trilogia algo tão especial está muito mais em Bill e seus aliados do que em Brady: King insere um policial aposentado com dores nas costas e uma doença fatal ao lado de uma mulher com problemas de sociabilidade e vício em nicotina, além de um adolescente de dezessete anos com um futuro brilhante pela frente. Esse improvável trio de aliados fará o possível – e o impossível – para parar Brady em uma trama de tirar o fôlego.
- It – a Coisa – It, Suma de Letras – tradução: Regiane Winarski (Úrsulla Azevedo, do Instagram literário poisonbooks)
It – a Coisa é um livro que vai muito além de uma história de terror. Com suas peculiaridades únicas e os mais cativantes personagens, nas primeiras páginas já é capaz de prender o leitor e inseri-lo em uma ficção que irá se estender por outras mil. Apesar de possuir um antagonista que se tornou tão conhecido, temido e adorado com o passar dos anos, o foco principal do livro não está no Pennywise, mas sim na amizade e conexão existente entre os 7 protagonistas pertencentes ao “clube dos otários”.
Stephen King pode não ser um autor que agrada a todos, mas o seu reconhecimento mundial não existe sem motivo, sobre isso não há dúvida. Construir um cenário e personagens tão bem ao longo de mais de 1000 páginas e dois períodos temporais principais, não é para qualquer um. Desde a primeira vez que li It, soube que era o meu livro preferido do autor, e mesmo após tantos anos e tantas outras leituras, a minha opinião permanece a mesma.
- A Torre Negra – The Dark Tower , Suma de Letras (Guilherme Huyer, do Cinema de Buteco)
Tradução: O Pistoleiro/A Escolha dos Três/Mago e Vidro/ Canção de Susannah/A Torre Negra: Mário Molina
Terras Devastadas/Lobos de Calla: Alda Porto
O Vento Pela Fechadura: André Gordirro
O homem de preto fugia pelo deserto, e o pistoleiro ia atrás…
A frase eleita por Stephen King para dar início à jornada do Pistoleiro Roland Deschain pode soar insignificante aos desavisados. Uma vez lida a série de cabo a rabo, porém, ela ganha outras dimensões e várias camadas de interpretações.
Ler os sete* livros (três deles com em torno de 800 páginas) que constituem a saga de A Torre Negra é uma experiência literária como poucas. Está claro que o corpo da obra de King é vasto. não apenas em tamanho físico (vários de seus livros são enormes), mas em riqueza de temas e detalhes. Mesmo assim o autor parece que encontrou no mundo pós-apocalíptico de A Torre Negra um local ideal para ir ainda além, criativamente falando. As tentativas de se reduzir a trama da série a uma sinopse sempre resultam em fracasso, e não é por acaso. O universo da saga é bastante complexo, aparentemente aleatório quando fora de contexto, e recheado de referências tanto literárias, quanto musicais e cinematográficas.
Imagine a Terra Média de O Senhor dos Anéis, porém no futuro, possivelmente depois de uma guerra nuclear que destruiu a maior parte do mundo e afetou o modo de vida de humanos, animais, e outros seres. É uma fantasia futurista distópica. É também um western. Vindo de Stephen King, pode-se ter certeza que há vários elementos de terror. No entanto, o que dá vida à essa saga monumental não é tanto seus elementos mitológicos próprios, suas cenas de tensão, ou suas passagens com questionamentos filosóficos. A alma de A Torre Negra são seus personagens. O protagonista Roland principalmente, mas também todos os companheiros que ele encontra pelo caminho, cada um cativante a seu jeito. A evolução da interação entre os personagens centrais de A Torre Negra é o que faz da saga uma experiência literária tão gratificante.
E o detalhe que talvez mais diferencie A Torre Negra das demais sagas literárias contemporâneas: altas doses de metanarrativa. Comentar muito sobre esse aspecto seria arruinar uma das maiores surpresas que a série reserva ao leitor, portanto me calo. Apenas aponto que o que King realizou aqui certamente torna esse o trabalho mais ambicioso de sua carreira, e ressignifica tudo que ele já escreveu e ainda escreverá. Há um antes e um depois de A Torre Negra para leitores de Stephen King.
*Depois da finalização da série, King não se segurou e escreveu um oitavo livro, narrando aventuras da juventude de Roland. Essas histórias não tem impacto definitivo na narrativa dos sete livros anteriores, podendo sem problemas ser ignoradas ou lidas antes ou depois da saga. Mas O Vento pela Fechadura com certeza oferece interessantes informações adicionais e mais detalhes sobre o universo de A Torre Negra.
- Escuridão Total Sem Estrelas – Full Dark, no Stars, Suma de Letras, tradução: Viviane Diniz (Mallu Correa, do site Horror Movies BR)
Afinal, o homem é bom ou mau por natureza? Esta é uma pergunta que assombra a filosofia há algumas centenas de anos. Em Escuridão total sem estrelas, livro de quatro contos de Stephen King, o homem pode cometer barbáries nos momentos em que sente que não existe outra saída. O autor retrata quatro personagens que chegaram ao fundo do poço em suas vidas e agiram de forma brutal ou fizeram escolhas terríveis para tentar sair da situação em que se encontravam. King mostra nesse livro a pior parte do ser humano, aquela que todos lutam contra, uma escuridão que habita dentro de cada um de nós e que pode ser libertada do dia para noite.
O primeiro conto, 1922, conta a história assustadora de um fazendeiro que entra em conflito com a mulher por ela querer vender sua fazenda e levar seu filho para a cidade grande. Para um homem que cresceu no meio rural, tudo o que ele preza são suas terras e a chance de passá-las adiante na família. Nesse momento, ele se vê obrigado a se livrar da sua mulher e mãe de seu único filho ou das terras da família. O segundo conto se chama O gigante do volante e pode ser o mais difícil de ler, o conto é forte e retrata a história de uma escritora que pega um atalho para voltar para casa e acaba se deparando no caminho com um homem que a violenta terrivelmente.
No terceiro conto do livro, Extensão justa, King retrata em apenas uma simples história, como a raiva e a inveja podem levar uma pessoa a cometer atrocidades. Ele fala de um homem, em estado terminal, que encontra um vendedor ambulante que o promete uma vida próspera, desde que outra pessoa perca tudo em sua vida. A quarta história e, na minha opinião, uma das melhores de Stephen King, se chama O bom casamento e mostra uma mulher, que depois de anos casada com o mesmo homem, descobre que ele pode ser uma pessoa totalmente diferente do que ela imagina, capaz de cometer crimes perturbadores e sua reação diante da descoberta.
O livro trata de temas que a humanidade, no geral, tende a ignorar e fingir que não existe. King fala sobre nossos medos, nossos traumas, nossos anseios e nossas reações sem papas na língua, sem censura. Para quem gosta de suspense e quer um livro para não respirar até o fim, esse é com certeza um ótimo candidato. Stephen King mostra, mais uma vez, o motivo de ser considerado o rei do terror.
- Creepshow – Idem, DarkSide, tradução: Érico Assis (Dai Bugatti, do canal Dai Bugatti)
Ao contrário do que se vê por aí: livros dando origem a filmes, Creepshow (primeira HQ do mestre Stephen King) originou-se após um filme de 1982 que homenageava as HQ’s de 1950. O filme foi roteirizado pelo mestre do terror e dirigido por ninguém mais ninguém menos do que George Romero. As ilustrações são de Bernie Wrigthson.
Um esqueleto do além chamado Creep apresenta um show denominado Creepshow e nele acompanhamos cinco histórias macabras de terror: Dias dos pais (que tal uma surpresa macabra para uma família não muito feliz no dia dos pais?), A solitária Morte de Jordy Verril (um cara solitário dominado por algo que não é desse planeta), A caixa (uma caixa guarda um perigoso mistério), Indo com a maré (só posso dizer que tem vingança envolvida para não dar spoilers) e Vingança barata (gosta de baratas? Nessa história tem uma infestação delas).
A última edição foi lançada no segundo semestre de 2017, pela DarkSide Books, e é de tirar o fôlego. Terminamos as cinco histórias querendo mais, sem saber qual delas é a nossa preferida e já procurando conhecer um pouco mais sobre os quadrinhos aos quais elas fazem tributo.